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Edição 238
GovData auxilia na modernização do Estado brasileiro
No último dia 5 de maio, o Ministério do Planejamento, pela Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Setic), junto com o Serpro e Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) apresentaram, ao setor público brasileiro, uma ferramenta que subsidiará a formulação e execução de diversas políticas públicas. Trata-se da Plataforma de Análise de Dados do Governo Federal, ou GovData, que serve para análise de informações provenientes de diversas bases, e que ficará disponível para todos os órgãos dos governos federal, municipal e estadual, possibilitando sua comparação e tratamento pelos mais diferentes métodos.
A solução disponibiliza, atualmente, as 20 bases de dados mais acessadas do governo federal. Entre elas está o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). A partir de agosto, a previsão é de estarem disponíveis mais dez bases e, até o fim do ano, esse número deve aumentar com a inclusão de novas bases de dados de órgãos que aderirem à solução.
Orlando Bastos
Além das bases de dados, também estarão disponíveis no novo ambiente digital a infraestrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e também as ferramentas necessárias para realizar o cruzamento de informações. “Nosso objetivo é simplificar o dia a dia do gestor público, que poderá focar o seu trabalho em entregas para o cidadão brasileiro”, disse Marcelo Pagotti, secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação do MP.
De acordo com Orlando Bastos, da superintendência de relacionamento com o cliente Ministério do Planejamento no Serpro, na GovData, as informações de bases de dados governamentais sob a tutela da empresa serão disponibilizadas para todos os órgãos em um único sistema, dentro daquilo que se chama de “data lake”, ou “lago de dados”. “Neste ambiente, diversas ferramentas de análise, descoberta e mineração de dados, ferramentas estatísticas e de análise cognitiva serão disponibilizadas”, explicou.
Desta forma, o cruzamento e a comparação de dados podem ser feitos de uma forma sofisticada, de modo a embasar com maior precisão a elaboração e o acompanhamento da execução de políticas públicas. E, de quebra, ainda vai gerar economia para os órgãos públicos. “Este projeto permitirá aos órgãos autorizados economia com a redução da contratação de ambiente de Big Data, que envolve hardware e software, além de custos de infraestrutura para manutenção desse ambiente e redução de procedimentos”, salientou Orlando.
“Toda a arquitetura da GovData está baseada em padrões da indústria”, Bruno Pacheco
Para ter acesso às bases, no entanto, os órgãos “donos” dos dados precisarão autorizar seu uso, mantendo assim a segurança e o sigilo sobre informações sensíveis. Orlando explica que, uma vez concedida a autorização, o acesso à base de dados pelo demandante é feito automaticamente, através de um ambiente computacional que pode ser integrado a ferramentas de análise.
O analista de desenvolvimento da Coordenação Estratégica de Tecnologia do Serpro, Bruno Pacheco, apontou que existem três principais fontes de dados para a GovData. A primeira fonte é o sistema Quartzo, já fornecido pelo Serpro para o compartilhamento de algumas informações disponibilizadas por clientes. A segunda é a transferência de arquivos em caráter institucional, como a que acontece quando, por exemplo, a Caixa Econômica Federal transfere arquivos com informações sobre o FGTS para o Serpro. Finalmente, o cliente pode fazer diretamente a transferência de um único arquivo contendo um determinado conjunto de informações.
Tecnologia aplicada
Bruno ressaltou que existem diversas ferramentas que podem ser utilizadas para realizar o tratamento destes dados, como, por exemplo, uma linguagem de programação e aplicação estatística e matemática conhecida simplesmente como “R”. De código aberto e utilizando-se de diferentes módulos e interfaces gráficas, a linguagem R é considerada como uma das principais soluções, na comunidade científica, para o tratamento de Big Data, ou grandes volumes de dados.
A interoperabilidade da ferramenta com diferentes bancos de dados com a GovData está garantida, segundo Bruno. “A arquitetura tem um componente de federação de banco de dados que permite a conexão com virtualmente qualquer banco de dados que tenha uma conexão JDBC ou ODBC”, elucidou. Hoje, existe conectividade com bancos de dados Hadoop, Adabas, Oracle, SQL Server, DB2, PostgreSQL, MySQL e Teradata.
Além disso, a GovData foi concebida com uma arquitetura expansível, permitindo a incorporação de novos módulos e funções no futuro. O analista do Serpro considera que, como toda a arquitetura da GovData está baseada em padrões da indústria e que, sempre que possível, foi utilizado software livre em sua construção, não há risco de conflito entre o que existe atualmente e os sistemas adotados por estados e municípios, bem como clientes atuais e potenciais do Serpro no governo federal.