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Software livre garante soberania a políticas públicas de inclusão digital
“Inclusão digital e políticas públicas” foi o tema da conferência proferida ontem, 16, pelo diretor-presidente do Serpro, Marcos Mazoni, em Niterói, no Rio de Janeiro. Ele participou da programação da 11a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SCNT 2014), que acontece simultaneamente em diferentes locais do país, até domingo, 19. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, presente no evento, em Niterói, anunciou o tema “Luz, ciência e vida” que norteará as atividades da semana, em 2015.
Em sua fala, Mazoni fez uma incursão pela história da inclusão digital ressaltando o relevante papel dos telecentros e do software livre, como instrumentos de apoio às políticas públicas do governo para o setor. "A opção pelo software livre é a garantia de se fazer as políticas de inclusão digital de forma soberana, com independência, com inteligência compartilhada", enfatizou.
Mazoni frisou que a opção pelo software livre garantiu, nos anos 90, autonomia na busca de soluções brasileiras para promover as políticas de inclusão digital sem depender das empresas que dominavam o mercado e determinavam o ritmo da evolução da tecnologia no país. "O uso de softwares proprietários, à época, era uma escolha que esbarrava no problema da continuidade. Os softwares eram fornecidos sem custos para os espaços de inclusão digital existentes, mas, de acordo com as tendências de mercado e interesses dos fabricantes, as soluções podiam ser descontinuadas", registrou.
Mazoni lembra que a adoção de softwares livres nos telecentros foi uma aposta que enfrentou dificuldades no início, mas se consolidou como uma solução viável. Hoje, são mais de dez mil telecentros implantados no Brasil, pelo Serpro e diversas instituições. "Resultado esse que só foi possível porque esta opção deu liberdade para a consolidação de uma inteligência tecnológica desatrelada de interesses privados", afirmou.
Software livre
O mundo do software livre se define por quatro liberdades fundamentais: a liberdade de usar;
a liberdade de modificar, de adaptar; a liberdade de acessar
os códigos; e a liberdade de reproduzir. Mazoni considera esta
última uma das mais relevantes do ponto de vista do setor público.
Isso porque permite compartilhar as soluções criadas para diversos
órgãos públicos sem custos adicionais para a sociedade. "O conhecimento é o mais
marcante bem. Quanto mais a gente divide, mais a gente tem”, acrescentou.
Mazoni destacou o uso de tecnologia livre por grandes corporações no mundo. Segundo ele, o software de código aberto evoluiu de tal maneira que hoje, dos dez maiores ambientes de internet, chamados de tecnologia de nuvem, do mundo todo, nove usam software livre. Ele citou o Google, Facebook e Twitter como exemplos de ambientes que estão portados em Linux, em bancos de dados abertos.
Serpro
Mazoni falou ainda sobre o uso do software livre na
construção das soluções desenvolvidas pelo Serpro, para o setor
público e citou o sistema do Imposto de Renda, o Receitanet, como ferramenta que pode
ser utilizada pelo cidadão independentemente da plataforma instalada
em seu computador, o que reforça a liberdade que o uso das tecnologias com código aberto dá
para quem usa e para quem aplica.
A opção pelo software livre permitiu ao Brasil sair da condição de comprador e passou a desenvolvedor de soluções tecnológicas. Mazoni falou do convite que o Serpro recebeu da ONU para, junto com o Ministério da Ciência e Tecnologia, participar de um encontro, no início de novembro, e discutir formas de cooperação com administrações públicas de outros países, sobre tecnologias em nuvem. “O Serpro é a única empresa pública com nuvem própria e domina esse conhecimento”, afirmou.