General
Governos debatem avanço do SL na área pública

No clima de compartilhamento da Campus Party, a primeira atividade do palco de SL foi uma mesa sobre Governo e Software Livre, que reuniu Brasil, México e Espanha para discutir as potencialidades do uso de tecnologias livres na administração pública, dividir experiências e refletir sobre os desafios para evoluir os resultados.
Corinto Meffe, diretor de integração de sistemas de informação no Ministério do Planejamento, falou sobre o crescimento do software livre no Brasil, destacando evoluções e retrocessos que esse modelo de negócio já enfrentou dentro dos órgãos governamentais.
Para ele, o principal ponto a superar é a mentalidade, que ainda precisa evoluir em dois aspectos fundamentais: o primeiro é a assimilação de que "software livre não é software grátis, software livre é um modelo de negócio, que algumas vezes será grátis e em outras será um serviço remunerado". E o segundo seria a evolução da ideia de colaboração e compartilhamento. Muitas vezes "o software é livre, mas a mente é proprietária", ressaltou.
Corinto defende que apesar de todo o conhecimento acumulado e de um bom ecossistema de SL, o Brasil ainda vive alguns dilemas em relação às decisões estratégicas, entre elas a questão de licenças e serviços; controle e flexibilização; competição e colaboração. Ele acredita que os desafios estão no investimento de uma política pública que trate a questão da abertura do código de forma clara e transparente, no estímulo à abertura do código dos softwares que forem comprados pelo governo e, claro, no aumento do uso dentro das instituições públicas.
México: números surpreendem
Manuel Marquez, líder do projeto de software livre no Governo de Zacatecas, falou a respeito da experiência mexicana com o SL. Um dos principais destaques do tratamento do software livre no estado é a inclusão do tema na Agenda Digital e sua consequente integração ao plano estatal de desenvolvimento.
Os números são animadores: cerca de 80% dos servidores do governo são baseados em Linux, 70% dos sistemas desenvolvidos são livres, 80% das bases de dados são Unix e Linux. "O desafio, agora, é migrar as estações de trabalho. Devido à resistência, apenas 5% dos computadores são configurados com sistema operacional livre", afirma Marquez. Uma vantagem do modelo adotado em Zacatecas é a integração do SL em todas as camadas: governo, educação, indústria e sociedade.
Participaram também da mesa Carlos Castro, professor da Universidade de Granada, que falou da experiência de uso de SL em Extremadura (Espanha); Lincoln Clarete, coordenador técnico do Gabinete Digital, projeto lançado em 2010 que disponibiliza ferramentas digitais para interagir direto com o governador do Rio Grande do Sul e Cezar Pierin, diretor de TIC da Federação Nacional dos Empregados em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados Serviços de Informática e Similares (Fenadados).