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"Só a informática pode mudar problemas culturais da educação"
Desde o início desta semana, cerca de 1000 pessoas participam de painéis, debates e apresentam trabalhos relacionados à aplicação da informática na educação, no SBIE de Aracaju. Estas pessoas são estudantes, professores, representantes de governo e vêm de todas as regiões do país e também de nações vizinhas, caso do professor Xavier Uchoa, que participou ontem 24 de novembro, de um debate intitulado "Integração Brasil com/na América Latina".
O mediador do debate, o professor Ismar Frango, da Universidade Mackenzie, iniciou o trabalho explicando o porquê do uso de "com/na" no título do debate. "Nós brasileiros costumamos nos referir aos países vizinhos como latinos. Mas nós também somos, por isto, não pensem no 'com' e, sim, no 'na'", pediu.
Uchoa concorda com Ismar e, por isto, veio a Aracaju mostrar o trabalho que desenvolve há 5 anos na Laclo (Conferencia Latinoamericana de Objetos de Aprendizagem), evento anual que tem o mesmo objetivo do SBIE de fomentar as discussões do uso da informática em objetos educacionais, mas com abrangência maior, pois engloba os demais países da América do Sul. "No primeiro encontro, em 2006, em Guayaquil, reunimos apenas 30 pessoas e observamos que os problemas levantados eram semelhantes. Por isto, estamos buscando mais pessoas para discutir", explicou, lembrando que em 2010, a Laclo foi realizada em São Paulo.
Cooperação começa na escola
Uchoa afirmou que há toda uma barreira cultural que carece de mudanças e citou como exemplo o fato da grande maioria dos professores produzir material para apresentar em sala de aula e não compartilhar este conteúdo. "É necessário que os professores mudem sua cultura. A cooperação deve começar em cada escola, cada universidade, assim por diante", frisou.
Sérgio Crespo, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e coordenador da comissão especial de informática na educação (CEIE) da sociedade brasileira de computação (SBC) explicou que compartilhamento é palavra-chave desde a primeira edição do SBIE, em 1989. "O SBIE tem esse caráter de compartilhamento e discussão. O WIE (Workshop de Informática na Escola, que está acontecendo em paralelo com o SBIE) foi criado cinco anos depois para isso também. No SBIE, temos as discussões entre os vários atores e no WIE analisamos a ponta, o professor na sala de aula", explica.
Além de um bloco regional
Sérgio e Uchoa apontaram os principais problemas semelhantes levantados durante os eventos. "Fazer a conferência é fácil. Difícil é acompanhar e realizar as mudanças", comentou Uchoa. Para Sérgio, o problema vai além disto. "Para fortalecer um bloco regional, temos de mapear os problemas de cada integrante, as soluções que já foram aplicadas e definir foco".
Uma das professoras presentes na plateia sugeriu que o bloco de cooperação não envolva somente os países da América Latina. "Por que não buscar integração com Portugal e Espanha e formar um bloco ibero-latino? São dois países que estão abertos a compartilhar". Uchoa declarou-se a favor, mas destacou que a união entre os países latinos precisa estar mais sólida, primeiramente. "E esta união só é possível através de um uso da informática mais correto e para mudar hábitos", finalizou.
O debate foi encerrado com uma proposta de Sérgio Crespo. "Devemos pensar, como organização, em edições internacionais para o SBIE". Desde 1989, o evento vem sendo realizado no Brasil e já passou por todas as regiões.
Comunicação Social do Serpro - Aracaju, 25 de novembro de 2011