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Serpro terá cerca de 140 teletrabalhadores

Teletrabalho não é novidade no Serpro. A empresa conta com empregados cumprindo a jornada de trabalho em suas residências, desde 2005. Participaram 18 empregados na abertura do primeiro edital e outros 50 no segundo, realizado em 2007. Atualmente, 31 empregados trabalham remotamente e devem ser oferecidas cerca de 110 vagas adicionais neste terceiro edital interno, programado para publicação nas próximas semanas.
“O Serpro é referência nessa área”, afirma Alvaro Mello, diretor da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividade (Sobratt). Mello é também professor coordenador do Centro de estudos de teletrabalho e alternativas de trabalho flexível (Cetel), da Business School São Paulo. O especialista cita outros entes públicos, como o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Metrô São Paulo, além de grandes bancos e companhias, para indicar que essa é uma modalidade que tende a crescer exponencialmente.
Um dos mais evidentes argumentos favoráveis ao teletrabalho está na constatação de que, em grandes cidades, ele pode significar a economia de quatro ou mais horas diárias, que seriam dispendidas durante a ida e volta ao trabalho. Esse “meio expediente” pode ser usufruído em atividades de interesse do empregado, conforme atesta Thaís Rodrigues Crespo Luz: “concluí uma pós-graduação, faço atividades físicas e tenho mais tempo para os cuidados com minha mãe”, comemora a empregada, que trabalha na área de Gestão de Processos do Serpro e mora em Santos, cidade do litoral paulista.
Decisão voluntária
e aprovada pela chefia
A possibilidade de
realizar o trabalho remotamente depende de um leque de variáveis.
Inicialmente, o empregado precisa manifestar o desejo de trabalhar em
casa e sua chefia deve aprovar a participação no processo. “É o
superior quem pode avaliar se as tarefas desempenhadas podem ser
feitas remotamente e, também, se o perfil do profissional é
adequado ao teletrabalho”, esclarece Raquel Passarelli, responsável
pelo Teletrabalho no Serpro. “Além disso, as superintendências e
coordenações do Serpro determinaram um quantitativo de cerca de 110
vagas para o edital, a partir do que entenderam ser adequado às suas
necessidades, neste primeiro momento. E, finalmente, há um processo
seletivo que envolve a recepção de visitas à residência do
empregado, para verificar se o ambiente doméstico é propício ao
teletrabalho, em termos de ergonomia, por exemplo”, esclarece
Raquel.
A empresa será responsável por oferecer equipamentos ao teletrabalhador - normalmente um notebook, telefone, instalação lógica, conexão à internet e acesso remoto à rede. Um profissional da área de segurança do trabalho fará a orientação, se necessária, para adequações do mobiliário, a fim de que as instalações estejam ergonomicamente adequadas.
De acordo com Raquel, um dos maiores desafios à implantação do teletrabalho é “quebrar o paradigma” de que a vigilância cerrada do chefe aumenta a produtividade do empregado. “É preciso passar a basear o monitoramento do desempenho em entregas de resultados. A improdutividade não tem a ver com o chefe por perto. Se você demanda uma atividade cujo tempo de produção é conhecido, e a entrega ocorre dentro do esperado, pode-se saber que a atividade foi realizada satisfatoriamente. Tal entendimento exige uma mudança de mentalidade”, explica.
“O empregado precisa ter perfil para o teletrabalho, mas o seu gerente também”, concorda o professor Alvaro Mello. “O empregado precisa ser do tipo comprometido, automotivado, não pode ter tendência a ser isolado. Também não serve se for workaholic, viciado em trabalho, pois aí não apenas os ganhos se perdem, mas a pessoa fica ainda mais estressada”, ressalva Mello. “Já o chefe precisa ter ainda melhor comunicação com o teletrabalhador; ser do tipo que dá feedback, que explica, entra em contato, motiva. Não pode ser aquele que tem medo de que o subordinado não trabalhe a menos que seja sob pressão”, enumera.
O estudioso do teletrabalho reúne outros dados interessantes sobre teletrabalho, como a estimativa de que, hoje, cerca de doze milhões de pessoas fazem trabalho a distância no Brasil. Confira entrevista com Alvaro Mello, especialista em teletrabalho.