General
Refletindo sobre felicidade

"Método ágil é uma organização de trabalho muito interessante. Mas o nome é péssimo, pelo menos para nosso contexto, sob meu ponto de vista. Porque não se trata de ter mais agilidade. Devemos, principalmente, discutir nossa relação com nossos clientes, e a relação conosco mesmos, para trabalhar outros valores que são essenciais", declarou Mazoni no início da palestra intitulada Felicidade e Qualidade de Vida no Trabalho, realizada ontem na Regional Porto Alegre, com divulgação via videoconferência para todas as unidades da empresa.
O evento faz parte do programa de eventos internos que visa à implementação de metodologias ágeis na empresa. O diretor-presidente trouxe ao debate a discussão de valores pertinentes a uma mudança corporativa baseada não na implementação de ferramentas, mas na alteração estrutural da forma como as pessoas exercem – e vivenciam internamente – suas atividades.
"Hoje não falaremos sobre números, sobre projetos, nem mesmo especificamente sobre a empresa", disse Mazoni na abertura da palestra. O dirigente contextualizou que, em sua visão, pesquisa realizada recentemente com o corpo funcional do Serpro indicava, dentre outros aspectos, a necessidade de discutir os princípios que orientam uma vida com maior satisfação profissional. "Temos então que trabalhar com outros valores – não só como eu desenvolvo código, com qual ferramenta, nem mesmo o aspecto se essa ferramenta é livre ou não, mas como nós nos relacionamos entre nós e como nos relacionamos com a vida. É sobre isso que proponho que a gente converse hoje", disse Mazoni.
De Platão a Morin
A partir da questão inicial do que vem a ser felicidade, Mazoni propôs uma reflexão traçando um painel teórico com as principais contribuições de filósofos, desde os da antiguidade, como Platão, até os contemporâneos, como Edgar Morin, passando por Friedrich Nietzsche e Immanuel Kant. Nesse quadro, conceituou a questão do amor e dos afetos como ponto de partida para reflexões sobre felicidade e satisfação.
Platão, explanou Mazoni, descortinou que amamos o que nos falta. Já Aristóteles, um passo adiante dessa constatação, propõe o alcance do prazer com o que temos, o que nos proporcionaria o momento eudaimônico – aquele instante mágico em que não queremos interromper o que estamos fazendo pelo prazer de continuar na atividade presente. Para Mazoni, deveríamos buscar, tanto como indivíduos como quanto instituição, um equilíbrio entre essas duas concepções, "desejando o que não temos, para atingir objetivos, mas também encontrando um espaço de felicidade com o que conquistamos".
Outro aspecto ressaltado na apresentação foi a questão da moral e da ética. "Como o amor não dá conta de tudo e não amamos a todos, o ser humano criou a ética, que é uma inteligência compartilhada a serviço da convivência", defendeu Mazoni. A partir do ponto de vista de que tendemos a tratar bem às pessoas que amamos, algo naturalmente mais difícil de fazer quando nos relacionamos com pessoas pelas quais não temos afeto, o diretor-presidente externou que "a ética seria a busca de um agir com os que não amamos como se os amássemos".
A concepção apresentada abriu o debate ao final da palestra, quando uma empregada questionou a frase. Mazoni ressaltou que não se tratava de fingir afeição propriamente, mas apenas de se esforçar por se comportar de maneira a não prejudicar outras pessoas, ainda que nos fossem estranhas, sem vínculos afetivos, a fim de conquistar uma convivência comum baseada no respeito a cada um. "É algo que o próprio Cristo, como figura histórica e filosófica propõe: o amar ao próximo como se fosse a si mesmo", disse o diretor-presidente.
Iniciado às 10h com a apresentação do diretor-presidente, o evento teve duração de duas horas, com cerca de 45 minutos finais dedicados ao debate de ideias entre o palestrante e empregados de outras regionais do Serpro.
Gravação
Assista a palestra na íntegra na página do Assiste - Vídeo Streaming Livre do Serpro.