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Quatro ondas tecnológicas fazem "tsunami" na TI

Estamos presenciando quatro grandes ondas tecnológicas que, juntas, configuram um verdadeiro tsunami no universo da TI e na sociedade, segundo Cezar Taurion, IBM Chief Evangelist. Taurion é um dos nomes confirmados no VI Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico, onde apresenta a palestra "Big Data: transformando empresas, governo e sociedade com uso inteligente de informações" no próximo dia 14 de agosto, às 14h, com transmissão ao vivo pelo site do Consegi.
Nesta
entrevista, Taurion faz um paralelo entre computação em nuvem e big data, duas dessas grandes ondas, avaliando que o Brasil está um passo atrás
nesse movimento. O profissional ressalva, porém, que talvez isso mude ao longo da década, com a
dissipação de dúvidas e receios acerca dos riscos e possibilidades dessas
novidades.
Na sua opinião, a melhor maneira de enfrentar as mudanças é
explorar o potencial que oferecem, criando um novo ambiente propício
para a proliferação de produtos, serviços e negócios.
Como
você avalia a evolução da computação em nuvem no Brasil? O crescimento
dessa tecnologia no país é consistente? O mesmo pode-se dizer sobre big data?
Temos quatro ondas tecnológicas que já estão
quebrando sobre nós: mobilidade, cloud computing, social business e bigd data. Cada uma delas tem um alto poder de ruptura tecnológica e as
quatro juntas são um verdadeiro tsunami. Na verdade, não podemos
olhá-las de forma isolada. Seu poder de transformação tem impactos
dramáticos no que conhecemos como TI, além de provocar massivas
transformações em praticamente todas as indústrias. Diante deste cenário
reagimos de duas formas: negamos ou tentamos minimizá-las; ou as
exploramos para obter vantagens competitivas, criando novos produtos,
serviços e negócios.
Na base desta mudança aparece a computação
em nuvem. O cenário de cloud computing transforma as relações entre
usuários e provedores de serviços e produtos de TI, sacudindo a
indústria de TI como a conhecemos hoje; nos obriga a pensar TI de forma
diferente. A conhecida analogia do copo meio cheio ou meio vazio
demonstra esta nova maneira de pensar. Ao vermos um copo com água pela
metade podemos dizer que está meio cheio ou meio vazio. É assim que
pensamos na forma tradicional de adquirir e usar TI. O meio físico é o
limite e podemos subutilizá-lo ou termos uma demanda além de sua
capacidade. Em cloud a resposta é outra: o copo é que está no tamanho
errado. Isso significa que podemos ter sempre um copo do tamanho certo
das nossas demandas. Esta nova maneira de pensar tecnologia afeta de
forma significativa a economia de TI. O Brasil, segundo estudos, ainda
se mantém atrás de países desenvolvidos em políticas consideradas
críticas para o futuro da computação em nuvem. Alguns setores como
bancos e governo são ainda mais lentos quanto à adoção da computação na
nuvem, mas ela é inevitável. Creio que ao longo desta década os receios e
dúvidas serão minimizados e o nível de adoção vai aumentar
substancialmente. Provavelmente, em torno de 2020, nem mais falaremos em
cloud computing, mas apenas em computing. Big data é uma das ondas, mas
ainda um tsunami em alto mar, ou seja, pouco perceptível ainda, mas que
virá com muita rapidez.
A computação em nuvem se relaciona de alguma maneira com o conceito de big data? Como?
Big data significa 4Vs, que são: volume (só o Twitter gera 12 terabytes de
dados por dia); variedade (dados de sistemas corporativos, mídias
sociais, sensores, etc); velocidade (quanto mais rápido pudermos tratar e
analisar a informação, mais decisões que afetam o negócio podem ser
tomadas); e veracidade, que é atuar apenas com dados que realmente fazem
sentido para cada análise e que estes dados sejam válidos. Ora, a
computação em nuvem tem muito a ver com big data pois uma empresa não
precisa criar imensos repositórios de dados, nem ter centenas de
servidores para processar algoritmos sofisticados de análise, se usar a
computação em nuvem para isso. Na prática, podemos dizer que cloud e big data representam a possibilidade de termos big data sem big servers.
Você vai fazer uma palestra sobre big data no Consegi. Poderia nos falar um pouco sobre o conteúdo que pretende abordar?
Big data não é em absoluto um hype de mercado. É um tsunami ainda em alto
mar, pouco visível, mas com poder de causar devastação imensa se for
ignorado. A palestra vai abordar o impacto do big data nas empresas e
governos e debater se as organizações estão preparadas para o que vem
pela frente. Claro que ainda é um cenário imaturo e existem poucos
exemplos de "melhores práticas", mas vamos abordar alguns exemplos de
sucesso. É uma iniciativa inovadora para a maioria das empresas, com os
riscos e, claro, as recompensas dos inovadores. Mas ficarmos parados
esperando a onda chegar será perigoso, pois, provavelmente, até o fim da
década, big data passará a ser apenas "just data". Será o modelo natural
de pensar análises de dados. Portanto, nossa apresentação será muito
mais executiva que técnica, abordando principalmente estratégias de uso
de big data, benefícios, riscos e demanda de novas expertises.