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A que serve a robótica?
Depois de exibir um vídeo de futebol, o professor pede à turma que faça um esforço de imaginação para decompor todos os movimentos que um jogador precisa fazer: para andar é necessário que uma perna já esteja saindo do chão enquanto a outra está conduzindo o movimento; os braços ajudam no equilíbrio; o chute tem de ser direcionado; a visão precisa orientar o percurso -- uma infinidade de coisas ao mesmo tempo. Tudo para dar noção de como é complexo fazer com que um objeto automatizado imite gestos humanos, seja para alcançar lugares difíceis ou realizar tarefas de alta precisão.
A introdução manteve a atenção da sala lotada para assistir à aula de robótica livre realizada na Regional Porto Alegre do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Participaram profissionais da rede municipal de ensino e alunos convidados, em um evento que contou com a parceria de outras três entidades: Antel (Administración Nacional de Telecomunicaciones, do Uruguai), Procempa (Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre) e o GT-Robótica Livre da Associação Software Livre (ASL.Org).
As oficinas foram coordenadas por Diego Bouvier, especialista em Tecnologia da Antel; Paulo Bairros, coordenador da Assessoria Especial da Procempa e Silvia Angelero, chefe de Projetos de Inovação da Antel.
Inicialmente, as aulas teóricas instigaram os participantes a perceber a natureza da robótica, além de suas implicações lógicas e possibilidades de uso de tecnologias livres (pelas quais não se pagam licença de uso). Em seguida houve a montagem de pequenos robôs e a programação de sequências simples de deslocamentos. Essa foi a parte que mais agradou Milena da Silva Guilhon, aprendiz do Serpro: “foi muito bacana quando a gente viu o robô se movimentar. Na aula teórica era mais difícil ter a noção do que ia dar para fazer”, explica a jovem de 16 anos que pela primeira vez assistiu a uma aula em espanhol.
“Eu consigo programar!”
A
observação de Milena confirma a percepção de Silvia Angelero, da
Antel, que faz atividades desse tipo desde o início de 2013. “Todas
as semanas realizamos oficinas com estudantes uruguaios e o que mais
os gratifica é quando se percebem dizendo 'eu consegui programar! Eu
posso fazer isso”, relata a profissional. Segundo Silvia, um
indicativo forte do interesse que a programação desperta nos jovens
é o fato de ser muito frequente que não queiram parar para lanchar
ou queiram continuar trabalhando, mesmo quando o tempo da oficina
termina.
“A motivação desse programa é incentivar as pessoas a se interessarem por tecnologia, ciência, matemática”, complementa Silvia. “É apenas um aperitivo. Mostramos o básico, o resto eles vão buscar. Afinal, esta é a geração de nativos digitais, não é preciso muito para que se interessem pelo mundo que têm ao seu redor”, completa.
As atividades de robótica livre desenvolvidas pela Antel são decorrentes de acordo de compartilhamento de tecnologias firmados entre os governos do Brasil e do Uruguai. Evento anterior semelhante foi realizado no fisl15, Fórum Internacional de Software Livre, ocorrido em maio de 2014, também em Porto Alegre. Em contrapartida, o Serpro oferece apoio à implementação do correio eletrônico Expresso para o governo uruguaio.