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Novos tempos exigem novos métodos para a educação
O primeiro a falar foi o Diretor de Regulação e Supervisão em Educação a Distância (EAD) do Ministério da Educação (MEC), Hélio Chaves Filho. Ele apresentou dados do último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), no qual constatou-se que os alunos egressos de cursos realizados a distância estão obtendo resultados superiores aos da educação tradicional. Este resultado está fazendo com que diversas universidades brasileiras criem cursos no sistema EAD, o que preocupa Hélio Filho. Para ele, “o grande desafio é trazer a tecnologia como meio para a educação, não como fim, e que, por isto, o MEC não está aceitando pedidos de abertura de determinados cursos porque as universidades estão gravando as aulas em DVD e colocando na internet sob o título de EAD. Isto é travestir o ensino tradicional.”
Hélio Filho afirmou que o bom resultado no Enade não transforma o EAD em melhor ou pior e que muitas medidas precisam ser tomadas para melhorar o sistema. "A principal delas é alterar a cultura dos professores que não acreditam na metodologia não-presencial e preferem as aulas expositivas tradicionais”.
Imigrantes e nativos digitais
A coordenadora dos cursos a distância da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marta de Campos Maia, concordou com Hélio Filho quando este disse que o sistema de ensino é obsoleto: “Os atuais professores são imigrantes digitais, enquanto a nova geração de professores e alunos é de nativos digitais. Os estudantes estudam na internet com MSN e Orkut abertos, além de estarem com a TV ligada e o aparelho de celular ao lado. A dinâmica deles é outra. Como fazer com que fiquem ouvindo o professor falar por horas? Eles buscam uma aula menos linear e mais divertida”.
Outro participante da mesa, o ex-ministro da Educação do Chile, Ernesto Schiefelbein, reforçou a idéia de que o EAD é o começo de uma trajetória na modificação da metodologia de ensino: “A tecnologia evolui, mas os conceitos, não. Antes existia o VHS e hoje há o DVD. O aumento na qualidade de som e imagem é indiscutível, mas na prática, continua a mesma coisa. O conteúdo lá na tela e a gente assistindo”. Ainda durante sua apresentação, ele brincou: “Vou fazer perguntas para a platéia, senão vou estar agindo tradicionalmente: eu falo e vocês ouvem; e não é isto que estamos buscando aqui neste painel”.
EAD faz Brasil e Cuba democratizarem o ensino superior
Além de Hélio Filho, outros participantes da mesa trouxeram dados a respeito da evolução do EAD. Marta Maia estava com dados atualizados do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), que realiza anualmente pesquisa com alunos do sistema, tendo o apoio do MEC e da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED). Segundo ela:
- cerca de 80% dos alunos do sistema participam do estudo;
- 54,5% das instituições de EAD são pesquisadas;
56% dos estudantes de nível superior ganham até 3 salários mínimos.
Dados relativos a Cuba foram apresentados pelo professor da Universidade Central “Marta Abreu”, Juan Luís Valdés Francisco. Ele iniciou sua exposição lembrando que o país é pobre e que devido ao embargo econômico ao qual vem sendo submetido há anos, a realidade da educação “não permite fazer com que cada cubano tenha um computador e, sim, que todo cubano tenha acesso a um”.
Juan Valdés afirmou que o país tem 169 municípios e todos, independente do tamanho, possuem um centro universitário municipal que oferece ensino a distância, fazendo com que cerca de 650 mil pessoas, o equivalente a 6% da população, tenham acesso ao ensino superior.
Comunicação Social do Serpro - Brasília, 28 de agosto de 2008