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Netbook reduz evasão nas escolas
O programa Um Computador por Aluno (UCA) inovou ao distribuir netbooks aos alunos da rede pública do País, com conexão de alta velocidade dentro dos colégios. “Os outros programas focam na formação dos professores, que se queixam por não terem sido treinados para essas tecnologias. Agora não é a escola que está mudando os alunos, mas os alunos estão mudando a escola”, declarou a professora Maria Auxiliadora Padilha, vice-coordenadora da pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica da UFPE.
Os estudantes estão pressionando os professores a usarem o computador nas aulas. “O medo do professor dos novos aparelhos está se transformando em ‘o que eu faço com essa nova tecnologia?’ ”, destacou o professor da UFPE Sérgio Abranches, coordenador do UCA em Pernambuco.
Em todo o Brasil, o UCA funciona ainda como um projeto piloto, financiado pelo governo federal. A iniciativa é baseada na proposta da ONG One Laptop Per Child (OLPC), que sugere a distribuição de computadores para crianças de países pobres e em desenvolvimento, como uma maneira de reduzir as desigualdades sociais. No mundo, o único país que conseguiu atingir todos os alunos foi o Uruguai.
Em Pernambuco, além de atender algumas escolas públicas na Região Metropolitana do Recife, o programa, até o final do ano, incluirá digitalmente todos os alunos da rede estadual e municipal de Caetés, no Agreste, uma das seis cidades do País onde será implantado o UCA Total, que já no primeiro momento atenderá todos os alunos dos colégios públicos.
Os primeiros computadores chegaram em julho em quatro escolas do município, o que já provocou uma mudança considerável na dinâmica, não somente do meio escolar, mas da cidade. Uma das praças de Caetés, escolhida para ser outro ponto de conexão sem fio da cidade, já ganhou o apelido de Praça da Internet. “O programa acabou com a evasão escolar, pois como o sistema wireless funciona dentro do ambiente escolar, os alunos não faltam mais as aulas. Os diretores estão tendo que abrir as escolas até nos fins de semana porque os estudantes querem acessar a web”, afirmou Abranches. O relato dos educadores da rede é que até nos horários de recreio os alunos, que antes ficavam correndo, agora estão colados no computador.
Mais do que incluir a garotada no mundo digital, o programa está incluindo as suas famílias. “Há depoimento de pais que nos dizem que na sua casa só havia enxada e pá, e hoje tem um computador. É como levar um novo mundo para esses lares. Eles têm uma forte expectativa que isso gere uma oportunidade de novas profissões para seus filhos”, comentou Maria Auxiliadora. (R.D.)
Jornal do Commercio - PE, Rafael Dantas, 28 de setembro de 2010