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Moodle: uma plataforma para o aprendizado colaborativo
Moodle é o acrônimo de "Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment". Trata-se de um software de apoio à aprendizagem da classe Learning Management System
(Sistema de gestão da aprendizagem). Criado em 2001 pelo educador e
cientista computacional Martin Dougiamas, a solução apresenta
características próprias de ambientes de gerenciamento de conteúdos, o
que permite, além da organização dos eventos de aprendizagem,
flexibilizar a autoria e a publicação de objetos educacionais. Por ser
um projeto de Software Livre, licenciado sob a GNU - General Public License,
está em constante desenvolvimento e agrega uma comunidade de
colaboradores ao redor do mundo, sendo utilizado por diversas
instituições. Atualmente, o Moodle conta com 73.685 sites registrados em
223 países (dados do site da própria ferramenta).
Aprender também é construir o conhecimento
De
acordo com Márcio Araújo Benedito, chefe da Divisão de Projetos e
Tecnologias Educacionais da Universidade Corporativa do Serpro, a
proposta pedagógica do Moodle é diferenciada de outros ambientes
virtuais de aprendizagem. "Enquanto a maioria foi concebida como
repositório de conhecimentos a serem transferidos para os alunos,
fazendo com que o aprendizado seja atingido através da repetição de
ações dirigidas, o Moodle adota a filosofia socioconstrucionista, o
'aprender em colaboração', apoiado nas teorias sobre a construção do
conhecimento, natureza da aprendizagem e da colaboração".
Na avaliação do especialista, a união das características socioconstrucionistas do Moodle ao avanço na direção das redes sociais e comunidades de aprendizagem com foco na gestão do conhecimento organizacional, abre uma gama de possibilidades de uso e de aplicações em educação a distância. "Hoje podemos executar ações educacionais das mais variadas formas, como palestras feitas por videoconferências que são gravadas e disponibilizadas dentro do Moodle, tendo questões para discussão agregadas ao tema abordado. Todo este formato de uso pode ser aplicado para o fortalecimento da capacitação corporativa", afirma.
A história do Moodle no Serpro
Márcio
conta que o início do Ensino a Distância no Serpro se deu em 1998.
Iniciava-se o processo de migração dos sistemas operacionais de rede em
todo o país e, para oferecer a capacitação aos técnicos residentes nas
mais de 300 localidades a solução encontrada foi preparar alguns
roteiros instrucionais e publicá-los em uma página da intranet, com
e-mail e telefone dos técnicos para solução de dúvidas. "Apesar de
simples a experiência funcionou bem e, posteriormente, os próprios
técnicos solicitaram que fosse adotada para outros temas, devido à
dificuldade de acesso a treinamentos regulares. A página simples da
intranet, aos poucos, foi se transformando em um Ambiente Virtual de
Aprendizagem", explica.
O modelo esbarrou em limitações tecnológicas, como problemas de estabilidade e manutenção do código. Logo, a empresa iniciou uma pesquisa para subsidiar a construção de um novo sistema ou adotar uma alternativa já existente. A opção pelo Moodle veio em 2008: "Aproveitamos o levantamento de requisitos iniciado para a criação de um novo sistema para desenvolver módulos para o Moodle que suprissem algumas carências identificadas por nós. Desenvolvemos diversas soluções que não acompanham o Moodle original, desde o acréscimo de informações no formulário de cadastro dos alunos até rotinas de verificação e envio de cartas personalizadas para cada situação. Além disso, fizemos um mutirão para traduzir toda a interface para o português brasileiro, que ainda não estava completa".
De acordo com Márcio, o Serpro fez uma série de modificações para agregar algumas funções ao Moodle e contribuir para a evolução do código dessa importante ferramenta educacional. "Entretanto, ainda não conseguimos fazer a liberação desses avanços para a comunidade por questões burocráticas. Mas esta é a nossa vontade e estamos trabalhando para acelerar o processo", pontua o especialista.
Fonte de conhecimento e de receita para a empresa
O
Moodle está aderente à estratégia empresarial de adoção do Software
Livre e gerou um diferencial para o Serpro na prestação de serviços em
educação a distância. A empresa possui contratos com órgãos do governo,
gerando receitas em serviços sem custo com licenciamento de softwares
básicos. Nessa plataforma, o Serpro mantém hoje oito escolas, sendo três
da própria empresa e cinco de clientes, entre os quais a Esaf, Enap e o
DNIT. Ao todo são mais de 199 mil usuários e mais de três mil cursos
administrados.
"Por outro lado", acrescenta Márcio, "em termos sociais, a adoção do Moodle facilitou a criação de comunidades de aprendizagem e a aplicação de acordos de cooperação na área social para inclusão produtiva, com cursos na área de tecnologia. Isso potencializa a disseminação de técnicas e conhecimentos dentro do governo e para a sociedade".