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Industriários e acadêmicos debatem integração em Salvador
O último dia do Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação (SBSI) teve uma manhã movimentada. Durante cerca de duas horas, industriários e professores debateram uma melhor forma de integração entre Universidade, Mercado e entidades governamentais.
O diretor geral do Instituto Recôncavo de Tecnologia, Mário César Freitas, iniciou a discussão apresentando dados da situação brasileira, que, segundo ele, "vive uma ameaça à capacidade produtiva, pois em muitas áreas, o país só produz o que consome". Para ele, é necessário que indústrias e academia aprofundem-se em diálogos, reforçando que a primeira demanda necessidades e a segunda propõe as soluções.
Carlos Augusto Borges, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação do Governo da Bahia, concordou com Mário e acrescentou: "O problema deste modelo de produção que vivemos, no qual a academia parece estar longe da indústria, é que se agrega um baixo valor aos produtos, pois só se utiliza mão-de-obra e nada de conhecimento".
Elias Ramos, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, complementou: "A mercadoria só pode ser consumida uma vez, enquanto o conhecimento pode ser 'consumido' por vários usuários. Daí a importância das pesquisas acadêmicas no contexto das atividades industriais".
O outro lado
Embora todos os presentes no debate concordassem que uma maior integração seja necessária e urgente, quais seriam os impedimentos para isto acontecer? Da plateia chegou a seguinte pergunta de um estudante: "À medida que sobe na carreira acadêmica, o aluno tende a diminuir a sua empregabilidade. Por que as empresas não querem contratar doutores?".
Mário César discordou. "Há espaço para doutores no mercado, sim. O problema é que por questões trabalhistas, muitos empregadores preferem realizar o serviço fora do Brasil. Sai muito mais barato contratar um doutor na Califórnia, do que no Brasil, onde o encargo trabalhista, no caso de uma dispensa, é enorme para as empresas", explicou.
Diego Alvarez, que representa a empresa Softwell, também discordou da pergunta da plateia e devolveu a provocação, em tom bem humorado. "Por que os doutores não se especializam também no modus operandi das empresas? O setor privado muitas vezes não costuma investir em pesquisas, pois precisa de resultados mais imediatos", disse.
Mário César encerrou a discussão em torno das demandas de emprego. "O mercado está atrasado nos investimentos em pesquisa, mas também vem alertando há alguns anos que está sem profissionais para atender as demandas imediatistas", afirmou. Para ele, a discussão precisa ir além das universidades, estendendo também para as escolas técnicas. "No Brasil, cerca de 60% dos graduados pertencem à área de humanas. Precisamos incentivar os jovens a ingressarem nas áreas técnicas", completou.
Lei de Inovação Tecnológica
Ainda durante o debate, a Lei de Inovação Tecnológica foi apresentada aos presentes. Datada de 2004 e regulamentada no ano seguinte, a Lei nº10.973 prevê incentivos fiscais a empresas que realizarem pesquisas.
Ela é a primeira lei que trata o relacionamento entre as Universidades e demais instituições de pesquisa com as empresas. Para a maioria dos presentes, ficou claro que a lei precisa ser mais divulgada e incentivada.
VII Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação (VII SBSI)
O SBSI é um evento para apresentação de trabalhos científicos e discussão de temas relevantes na área, aproximando estudantes, pesquisadores e empresários da comunidade de Sistemas de Informação. Foi criado em 2004 e vem sendo realizado anualmente, sem interrupções, deste então, pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC).
O Serpro patrocinou a edição deste ano do evento, que aconteceu no Hotel Fiesta Bahia, em Salvador, entre os dias 23 e 25 de maio.
Comunicação Social do Serpro - Salvador, 27 de maio de 2011