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Governos ganham com transparência
"O governo precisa da computação em nuvem, sobretudo no que ela significa em transparência", afirma Karin Breitman, professora do Departamento de Informática do Centro Técnico e Científico da PUC-Rio.
Governos, como demais usuários de "cloud computing", ganham em economia de custos com máquinas, manutenção e suporte, além de capacidade de armazenamento. O sistema é eficiente para administrar picos de demanda como o período da entrega de declarações do imposto de renda. "Nuvens nacionais? Não vejo qualquer movimento nessa direção", observa Karin.
Gustavo Santana, consultor de engenharia da Cisco Brasil, diz que o governo se mexe para ser fornecedor de nuvem dele mesmo.
O Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) vem pesquisando o assunto. Adriano Martins, coordenador de tecnologia da empresa, gostaria que o país contasse com uma política como a adotada pelos Estados Unidos, a Federal Cloud Computing Initiative (FCCI), de 2009.
"O foco da FCCI é desenvolver soluções de 'cloud computing' para o governo federal para aumentar sua eficiência operacional, otimizar serviços e soluções comuns em todos os níveis de sua estrutura, e possibilitar um governo transparente, colaborativo e participativo", afirma.
Entre outros benefícios, diz Martins, o governo ganharia mais agilidade na oferta de produtos e no atendimento ao cliente. "A computação em nuvem representa um estupendo ganho de tempo", destaca. O que seria formidável para sistemas como o Siscomex, Siafi, Receita Net, com vantagem para o cidadão.
No Serpro, o software de virtualização é a espinha dorsal da computação em nuvem. Contudo, reconhece Martins, há obstáculos a vencer até chegar lá. Para a implementação efetiva é indispensável a capilaridade no acesso aos serviços públicos, o que depende de banda larga, "que no nosso país é cara, lenta e não chega ao usuário final", diz.
Outro desafio é a interoperabilidade, isto é, os padrões têm de ser abertos para que as redes possam se comunicar. "Não podemos ficar prisioneiros de fornecedores", observa Martins.
Enquanto a situação está neste pé, a expectativa é de que possa sair do papel o projeto de construção do Centro de Inovação em Computação em Nuvem, em Petrópolis (RJ), iniciativa que reúne Serpro, Dataprev, Telebras, Secretaria de Logística e Informação do Ministério do Planejamento, Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidades Federal Fluminense e Federal do Rio de Janeiro e Cefet-Rio.
Na região Norte do país, a Prodam - Processamento de Dados Amazonas estreou no mundo da computação em nuvem em 2009 movida por três motivos: redução de custos, maior vida útil das máquinas e um data center bem estruturado.
Empresa pública voltada para a prestação de serviços especializados em informática aos órgãos da administração pública estadual, a Prodam também pode atender órgãos federais, instituições privadas, administrações municipais e as administrações de outros Estados brasileiros.
"Sabemos que com esse novo formato de trabalhar a TI, haverá uma redução muito grande com custos de licenças. O tempo de vida de uma máquina aumentará em torno de quatro anos", conta Claudemir Gomes, líder de projeto de computação em nuvem na Prodam. Além disso, diz, o desktop em nuvem também facilita o gerenciamento das máquinas e das aplicações contratadas pelo Estado, reduzindo a perda de dados.
A primeira experiência com desktop virtual foi feita na própria empresa com oito estações virtuais. "Depois, iniciamos um projeto piloto com um departamento do Amazonprev (Fundo Previdenciário do Estado)", diz. A Prodam negocia sua ampliação para um projeto piloto maior.
Valor Econômico, Anamarcia Vainsencher, 28 de julho de 2011