General
Gestão das cidades é destaque no Free Software Rio
De olho nas experiências de sucesso e ações de longo prazo para otimização da administração pública das cidades, o Free Software Rio 2010 realizou o painel “Soluções de Gestão em Software Livre para Municípios”, nesta sexta-feira, 21, no Centro de Convenções Bolsa de Valores, no centro do Rio de Janeiro. O evento foi promovido pelo Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (Proderj) e teve patrocínio do Serpro.
O painel reuniu apresentações sobre ações de governos para viabilizar a migração dos sistemas de gestão dos municípios para software livre, como o caso do Portal Software Público do governo federal, e o projeto Municípios Eficientes, do Governo do Rio de Janeiro. Também foram apresentadas a ferramenta E-cidades, iniciativa do Ministério do Planejamento desenvolvida por uma empresa privada, e a experiência do município de Piraí, que adota majoritariamente sistemas livres para a administração dos serviços municipais.
Rumos pela web
Representando a Gerência de Inovações Tecnológicas da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Pedro Luiz Simões falou sobre o Portal Software Público e sobre o projeto Comunidade, Conhecimento, Colaboração e Compartilhamento dos Municípios Brasileiros (4CMBr). “O objetivo do portal é oferecer um ambiente estruturado, disponibilizando softwares, cursos, publicações como guias e Planos de Desenvolvimento da Tecnologia da Informação (PDTIs) e informações sobre fontes de financiamento e parcerias para as cidades adotarem soluções livres”, detalhou Simões.
A partir de suas experiências com a gestão de municípios, Simões destacou a importância da área de TI ser considerada estratégica e estar alinhada com as demais políticas locais; e do desenvolvimento de PDTI, Plano de Migração e consórcios públicos quando a cidade não puder arcar com todos esses custos. ele também alertou os prestadores de serviço que trabalham com plataformas abertas: “Uma dica importante que dou é trabalhar sempre dentro da comunidade, é a melhor forma de ganhar credibilidade”, comentou.
Gestão integrada
Diretor da DBSeller, Paulo Ricardo contou um pouco sobre a história do E-cidades, um software de sistemas de gestão integrada para municípios, desenvolvido por sua empresa a pedido do Ministério do Planejamento. A ferramenta está disponível para download desde outubro do ano passado, sendo que atualmente 15 municípios declararam usar o software.
A DBSeller administra a comunidade do E-cidades e apoia a participação de novas empresas, entendendo que a devolução dos códigos modificados é uma boa contra-partida. O diferencial do sistema é a capacidade de integração entre os entes municipais: Prefeitura Municipal, Câmara Municipal, Autarquias, Fundações e outros; que compartilham as mesmas bases de dados.
Casos no Rio de Janeiro
Para garantir a modernização das atividades administrativas de 92 cidades, o governo do estado do Rio de Janeiro desenvolve o projeto “Municípios Eficientes”, que foi apresentado por Lúcia Fernandes, da Subsecretaria Adjunta de Programas Especiais. A proposta está sendo implantada em quatro cidades: Valença, Areal, Araruama e Armação dos Búzios, e divide-se em dois módulos.
“Primeiro, estimulamos o uso do E-cidades com foco na gerência de banco de dados e, depois, vamos focar na qualidade do conteúdo referente aos sistemas financeiro e escolar. Essas áreas foram escolhidas para podermos modernizar gestão pública, inibir a sonegação e ampliar a capacidade de investimentos”, explicou Lúcia Fernandes.
Coordenador do Programa de Formação em Software Livre da Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro (AEMERJ), Leonardo Rosa falou sobre a migração para o uso de soluções em plataforma livre em Piraí, município com cerca de 24 mil habitantes. Segundo Leonardo, o processo teve início em 1997, com a elaboração de um PDTI, e foi acelerado em 2000, quando funcionários do município foram capacitados para usar software livre e receberam linhas de crédito para aquisição de computadores.
“Hoje temos cerca de 7 mil máquinas e a maioria roda em software livre. Fizemos uma economia de mais de R$ 2 milhões e firmamos parceria com a iniciativa privada para recebermos investimento em capacitação. Grande parte das nossas soluções são abertas, como o Expresso Livre, Br Office, Moodle, Word Press, entre outras”, pontuou Leonardo, antes de revelar uma das estratégias mais simpáticas de envolvimento da população: o bloco de carnaval Livre, Leve e Solto, comandado por três pinguins. “Três pessoas populares da cidade usam as fantasias de pinguim para sensibilizar as comunidades sobre a causa”, contou.
Comunicação Social do Serpro - Rio de Janeiro, 24 de maio de 2010