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Fórum reúne de aficionados a políticos
- Sou a mais surrealista por aqui: nem no mouse eu sei mexer - disse a engenheira agrônoma Glaci Campos Alves.
Não mexe no mouse, mas lida com um valor caro à maioria dos participantes do fórum: o ideal de liberdade que originou o movimento de programas de computador cujo código-fonte, o DNA do software, é aberto e pode ser modificado livremente. Glaci defende o plantio de sementes não-transgênicas e explicava suas idéias em um estande para jovens que paravam, curiosos de ver espigas de milho em meio a laptops.
A engenheira não era a única pessoa que destoava da imagem que se faz
dos participantes de um congresso de informática. Sim, a maioria é de
homens e de jovens, mas entre os mais de 6,6 mil inscritos - a maior
edição do fórum até agora - há de tudo.
Há estudantes como Larissa Lautert, 20 anos, que cursa Ciências da
Computação na Universidade Federal de Santa Maria, e veio com outros 40
colegas de faculdade conhecer um pouco mais sobre o tal software livre
do qual tanto ouve falar. Entrou na fila e deixou um currículo no
estande sempre lotado da gigante Google, que recebia currículos em
troca de uma camiseta da empresa. Se tem esperança de ser chamada?
- Não muita, porque ainda estou no começo da faculdade. Mas seria legal
trabalhar no Google... - sorri.
Há empresários, como Márcio de Britto, que há cinco anos leva ao fórum
sua empresa integradora de tecnologia, e já saiu de lá com contratos
com a Marinha e com a Capitania dos Portos. Mesmo assim, vai ao evento
para aparecer para a gurizada.
- Hoje são estudantes, mas amanhã vão estar nas empresas e podem
lembrar da nossa marca - diz Britto.
E, claro, há os políticos. A cerimônia de abertura do fórum estava
cheia deles - 22 acomodados no palco do auditório. No centro da mesa,
ao lado do vice-governador gaúcho, Paulo Afonso Feijó, o discurso
combativo do governador paranaense, Roberto Requião, divertiu a
platéia. No Paraná, Requião adotou software livre em 70% dos sistemas
do governo:
- Criando os nossos próprios programas, já deixamos de dar R$ 180 milhões ao Bill Gates (dono da Microsoft) e seus companheiros.
Zero Hora, Rodrigo Müzell, 18 de abril de 2008