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Diversidade é a grande marca do país
O III Encontro Regional para Fortalecimento da Equidade de Gênero no Mundo do Trabalho foi realizado na capital paranaense no último dia 31, reunindo membros de diversas empresas públicas estaduais e federais, representantes de prefeituras paranaenses, do governo estadual, empresas privadas e sociedade civil. A organização desta edição ficou a cargo do Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro, que definiu o tema "Discriminação Racial no Trabalho" como foco do debate.
O preconceito é uma realidade
Os palestrantes e debatedores foram unânimes em destacar a importância de se reconhecer o preconceito como um comportamento arraigado na sociedade brasileira, pois somente a partir dessa constatação é que o problema pode ser enfrentado com seriedade. Em diversas apresentações, Banco do Brasil, Caixa, Eletronorte, Embrapa, Petrobras e Serpro - empresas organizadoras do ciclo de encontros - revelaram números que ilustram a baixa representatividade de negros em seus quadros funcionais e nas instâncias de poder das empresas.
Maria Inês Barbosa, coordenadora brasileira do Programa de Gênero, Raça e Etnia do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher - Unifem, afirmou a necessidade de se estabelecer metas para a solução do problema. "Metas são uma linguagem que as empresas entendem. O desafio é a definição de metas para superar o preconceito no ambiente de trabalho. Quando temos objetivos claros, vamos atrás e perseguimos os resultados". Uma proposta muito levantada durante o evento foi a adoção de medidas afirmativas no âmbito das estatais, como a definição de cotas para negros nos concursos públicos das empresas, a exemplo do que hoje já é feito no governo estadual do Paraná.
A diversidade é nossa força
"A diversidade é natural do Brasil, país de vasto território. Essa é nossa força e nossa grandeza. Todos somos igualmente importantes para a construção da nossa sociedade. Por isso a importância de trazer esse debate para o mundo do trabalho, de forma objetiva, dentro das organizações. Ao sair do debate conceitual e aproximá-lo do mundo real, incentivamos medidas práticas e compartilhamos experiências. Primeiro o debate nos transforma, depois a gente parte para transformar a sociedade. E aí está o mérito desse encontro, pois promove a reflexão que induz a mudança de atitude individual e contribui com a mudança de atitude no coletivo, em busca de um Brasil mais justo para todas e todos", afirmou o anfitrião do evento, Marcos Mazoni, diretor-presidente do Serpro. Para Mazoni, a equidade de gênero e de raça são requisitos fundamentais para o desenvolvimento sustentável do país, pois é através desse equilíbrio que o Brasil alcançará toda a riqueza e o potencial oferecido por sua diversidade humana.
Na mesma linha, Maria Inês, considerou que a reflexão sobre o racismo e o preconceito de gênero deve transcender o ambiente do trabalho e alcançar todas as esferas sociais. Segundo ela, a presença de tais comportamentos no ambiente do trabalho é apenas o reflexo de sua existência sociedade brasileira. "Precisamos trabalhar diariamente para desconstruir o discurso da opressão, desconstruir as estruturas que impedem a emancipação do ser. Somos todos interdependentes. Não se tira uma flor sem alterar todo o universo. Precisamos incessantemente desconstruir instituições que discriminam e hierarquizam, para que possamos restaurar a humanidade das pessoas e promover sociedades inclusivas", destacou.
O O III Encontro Regional para Fortalecimento da Equidade de Gênero no Mundo do Trabalho, que colocou em rede os empregados das estatais organizadoras através da transmissão por videoconferência para todo o Brasil, foi dividido em painéis, palestras, relatos e apresentação de vídeos, sempre com um debate ao final de cada bloco. O evento foi encerrado com a performance do grupo Afro-Cultural Ka-Naombo, que brindou os presentes com uma apresentação de dança e percussão.
Em todas as regiões do Brasil
Com cinco edições previstas, uma para cada região do país, o Ciclo de Encontros Regionais vai aprofundar um tema específico em cada encontro. Antes de Curitiba, o ciclo passou por Recife, onde abordou a violência contra a mulher, e em Belém, onde tratou das conquistas e desafios da mulher no universo do trabalho. Além de sensibilizar sobre a importância da participação e da valorização da mulher como protagonista dos processos de desenvolvimento do país, os encontros são também espaço ideal para a construção, o debate e a implementação de ações governamentais efetivas nessa área.
Leia mais sobre o assunto
Estatais brasileiras se unem para discutir o preconceito racial
Comunicação Social do Serpro - Curitiba, 3 de agosto de 2009