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Serpro inaugura telecentro em comunidade quilombola de Ubatuba
No último sábado, 29, o Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro inaugurou seu 26º telecentro no estado de São Paulo. A Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo de Caçandoca (ARCQC), que fica em Ubatuba, cidade localizada a 250 quilômetros da capital, foi a instituição escolhida para receber mais um espaço de inclusão digital da Empresa. A inauguração contou com a presença do diretor do Serpro, Antônio Sérgio Cangiano, e do coordenador de inclusão digital da Regional São Paulo, Misael Dentello.
Mergulhando num mundo novo
O novo
telecentro, que foi possível a partir de uma parceria do Serpro com o
Instituto Brasileiro de Administração Pública - Ibap, pretende ser a
principal oportunidade de inserção dos moradores da associação na era
dos bytes. "Nossa comunidade vive, principalmente, do extrativismo
vegetal e da pesca costeira. Este telecentro é a oportunidade que
faltava para conhecermos novos oceanos, novos mundos", afirma Fernando
Francisco de Almeida, presidente da ARCQC.
"É gratificante notar que o Serpro está levando inclusão digital a comunidades que até agora estiveram fora do alcance do mundo da informação", explica o diretor Sérgio Cangiano. "Este benefício irá mudar a realidade de todos os quilombolas, mas, principalmente, das crianças", completa.
Ser quilombola é ser guerreiro
Até
conseguir a posse da terra, a comunidade do Quilombo da Caçandoca
enfrentou uma luta de 18 anos. Primeiro quilombo do país a ter o título
de propriedade da terra, o Caçandoca ocupa 210 hectares de uma área de
Mata Atlântica de 890 hectares, situada em Ubatuba, um dos balneários
mais valorizados do litoral norte paulista.
Os membros da comunidade vivem na propriedade desde o final do Século 19, na fazenda de mesmo nome, produtora de café, aguardente, banana e mandioca. Eles tiveram uma luta árdua até o reconhecimento.
Telecentro da ARCQC
O primeiro passo da comunidade para ser dona da terra foi a criação, em 1989, da Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo de Caçandoca, seguida pelo auto-reconhecimento da situação de quilombolas. Com essa etapa cumprida, foi possível reivindicar a atuação dos órgãos públicos no processo.
Somente em 2000 o Instituto de Terras de São Paulo reconheceu oficialmente a comunidade como remanescente de quilombo, depois de uma pesquisa antropológica, encomendada pela Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em São Paulo (Incra-SP).
Segundo Antônio dos Santos, 61 anos, um dos líderes da comunidade, a partir da década de 70, a comunidade resistiu a contínuas ameaças de jagunços de grileiros. Na década passada, a ameaça de expulsão passou a ser de grupos imobiliários interessados na terra. "Está no nosso sangue. É a nossa tradição. Estar no quilombo é sempre resistir", afirma ele.
Comunicação Social do Serpro - São Paulo, 2 de outubro de 2007