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Compartilhamento de soluções de TI cresce na AL
Para o presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Mazoni, a troca de informações viabilizada pelo software livre vem se intensificando na América Latina de forma proporcional ao desenvolvimento das democracias na região. “A consolidação do processo democrático faz com que as organizações de Estado optem pela plataforma aberta e se integrem ao mundo da tecnologia com liberdade”, afirmou Mazoni à AméricaEconomia.com.br.
O Serpro está por trás de criações brasileiras importantes, como a urna eletrônica e a declaração do Imposto de Renda pela internet (ReceitaNet). Com o objetivo de estabelecer um orçamento unificado para a União, a empresa pública também desenvolveu o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que hoje é utilizado como base por outros países da região - como Argentina, Paraguai e Uruguai. “Como a linguagem é aberta, há a possibilidade de customização”, afirmou o executivo, ressaltando que cada país deve desenvolver soluções de acordo com as suas necessidades.
O governo argentino também tem feito avanços no setor e destaca-se principalmente pelas soluções militares, que combinam o software livre com o sistema de posicionamento GPS. A expertise argentina será até mesmo aproveitada pelo Brasil, que pretende utilizar estes programas no processo de modernização dos seus portos, disse o executivo. O Chile, segundo Mazoni, tornou-se especialista em tecnologia de servidores, enquanto no Uruguai a força vem dos usuários finais, que ajudam no desenvolvimento de interfaces variadas.
A mão-de-obra especializada e a expertise em software livre (todo programa que pode ser estudado, modificado e redistribuído sem restrições), ainda colocam o Brasil como líder na América Latina, diz Mazoni. Além da Argentina, outros países da região começam a seguir o caminho do Brasil. Na Venezuela, um decreto do presidente Hugo Chávez prevê a adoção de software livre em toda a administração púbica até meados de 2010. “Isso causou uma busca frenética por padrões abertos”, disse Mazoni.
Segundo ele, a determinação acabou sendo positiva para empresas brasileiras, que foram contratadas pelo governo venezuelano para auxiliar na migração. O executivo do Serpro explica que no Brasil a mudança ocorre sem a pressão de uma lei, o que ele enxerga como positivo: “Há um esforço gigantesco para migrarmos, mas não há necessidade de alterar o que está funcionando”.
No Paraguai, a parceria com o Brasil na usina hidrelétrica binacional de Itaipu foi o que intensificou a troca de informações tecnológicas. “Tudo o que se faz de um lado, se faz de outro”, esclareceu Mazoni. A ferramenta Expresso, que integra o Escritório Eletrônico e foi estruturada inicialmente na Alemanha, é um das soluções compartilhadas pelo País com o vizinho latino-americano. O software oferece correio eletrônico, catálogo de endereços corporativos e ajuda a organizar o fluxo de trabalho, disse Mazoni.
América Economia, Bianca Pinto Lima, 15 de junho de 2009