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Ciberespaço se torna novo campo de batalha

Combater nunca foi tarefa fácil, mas há evoluções do mundo contemporâneo que tornaram as coisas mais difíceis. Antigamente os conflitos se desenrolavam em locais fisicamente delimitados e os inimigos eram mais claramente definidos. Hoje, ciberataques partem de qualquer ponto do planeta e podem comprometer os sistemas vitais de infraestrutura, completamente dependentes de TI - tais como energia, comunicações, o sistema financeiro. Para dar conta de um combate no qual a virtualidade é protagonista, o exército brasileiro desenvolveu simuladores de guerra cibernética.
O tenente-coronel Rogerio Winter, do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (Cige), proferiu palestra sobre o tema hoje, 6, no Consegi. "O conjunto de programas que utilizamos nos simuladores reproduz algumas das possibilidades de ataques que poderiam comprometer estruturas vitais para a manutenção da ordem e segurança do país. Montam-se cenários com o grau máximo de malignidade que nossos instrutores possam imaginar", explicou o tenente-coronel.
O sistema de simulação é bastante utilizado pelo Exército como recurso para tornar mais seguros e econômicos os treinamentos em áreas diversas, tais como a condução de helicópteros ou a aprendizagem de tiros. No caso da informática, Winter ressaltou a possibilidade de reprodução de muitos cenários e o acompanhamento preciso das respostas como fator determinante para investir nesse tipo de procedimento. "O conceito dos simuladores é semelhante ao dos videogames ou jogos militares. O interessante é a análise e controle de respostas oferecidas pelos participantes", ressaltou o tenente-coronel.
Soldados cibernéticos
Para além da ocorrência de ataques
isolados, promovidos por crackers, os representantes do Exército também
falaram sobre a possibilidade de uma guerra cibernética na qual as
próprias nações sejam protagonistas. Na interpretação do general José
Carlos dos Santos, um conflito virtual de proporções mundiais tende a
ser evitado por meio de mecanismos parecidos com os da Guerra Fria, que
refrearam um conflito nuclear. Apesar disso, há suspeitas de que os
Estados Unidos tenham atacado instalações nucleares iranianas, em 2010, e
que a Rússia tenha invadido sistemas da Geórgia e da Estônia, alguns
anos antes.
O Brasil também deve manter a atenção em sistemas de defesa virtuais, na opinião de José Carlos dos Santos . "Diferentemente do que ocorre em outros países, os brasileiros tendem a achar que nunca sofrerão ataques. Mas não há garantias nesse sentido, por isso devemos investir em segurança", destacou o general. "Estendemos o conhecimento básico sobre segurança cibernética não só para especialistas dentro do exército, mas para todos que passam pelos quartéis", ressalta. "Seria importante que as noções de segurança fossem ministradas já desde o ensino fundamental, para que as crianças sejam orientadas para não clicar em links duvidosos, por exemplo. Na defesa da integridade de espaços virtuais importantes, até mesmo das redes sociais, somos todos soldados cibernéticos", pontuou o general.