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Brasil aumenta produtividade com geração de mais emprego
Em
entrevista ao programa Bom Dia Ministro, produzida pela Secretaria de
Imprensa da Presidência da República e transmitida via satélite a
rádios de todo o País nesta quinta-feira (4), o ministro Miguel Jorge,
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
falou sobre a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em
maio, sobre cenário econômico, produtividade da indústria e a
importância das exportações para o crescimento.
Política de Desenvolvimento Produtivo
- "Temos quatro metas: aumentar as exportações, aumentar os
investimentos com relação ao PIB, estamos hoje com 17% do PIB, queremos
chegar, em 2010 a 21% do PIB, que é um número basta nte grande para o
Brasil, mas que é muito pequeno se compararmos com outras economias
como a da China, onde o investimento chega a 35% do PIB. Outra meta é
aumentar a participação da iniciativa privada em pesquisa e
desenvolvimento e também o aumento do número das pequenas e médias
empresas exportadoras. Todas são metas para serem atingidas em 2010. É
importante frisar que essa Política de Desenvolvimento Produtivo não
termina em 2010, apenas as metas estão estabelecidas para 2010 porque
se trata do mandato desse governo. Embora ela não seja uma política de
governo e, sim, uma política de Estado."
Coordenação
- "A Política de Desenvolvimento Produtivo abarca 26 setores da
economia. Temos feito reuniões setoriais, com os vários grupos da
economia, para que possamos iniciar a implantação dessas medidas.
Algumas das ações administrativas já estão em curso. Outras ainda
dependem de regulamentação. Estamos buscando o apoio das lideranças
para que isso seja aprovado rapidamente. Já fizemos nove reuniões
setoriais para explicar as propostas, para que possamos implementá-las
o mais rápido possível. Não acredito que seja implantado tudo de uma
vez. Essa é uma política que vai se incrementando na medida em que as
ações administrativas vão acontecendo."
Micro e pequenas
- "A PDP tem a meta de até 2010 aumentar em 10% o número de micro e
pequenas empresas exportadoras. O ponto fundamental para que essas
empresas participem do processo exportador é facilitar ao máximo as
exportações. Uma das maiores dificuldades dessas empresas para exportar
é exatamente o excesso de burocracia. Esse processo de simplificação já
começou, algumas medidas já foram tomadas e temos que continuar
avançando muito nessa área. Um elemento importante nesse processo é a
atuação do Banco do Brasil como agente exportador para que possamos
capilarizar esse processo e o preenchimento da papelada necessária para
a exportação. Estamos em entendimento com a CAIXA , que já criou uma
área internacional e está se preparando para, até o final do ano,
também participar desse esforço exportador entre as micro, pequenas e
médias empresas. Há um número cada vez maior de pequenas empresas que
sobrevivem e isso vem ocorrendo porque vivemos um crescimento
econômico. E elas vão continuar desempenhando um papel fundamental na
economia já que são geradoras de emprego."
Juros
- "Acreditamos que a alta dos juros não atrapalha o desempenho da PDP.
O aumento (dos juros) ficou dentro do esperado. Certamente, ele terá
algum impacto. No caso das indústrias, os investimentos que estavam em
curso não devem sofrer descontinuidade. Antes mesmo desse aumento da
taxa de juros, já havia uma certa acomodação no patamar da produção
industrial, como comprovou o levantamento realizado pelo IBGE nesta
semana. A indústria cresceu muito em relação ao ano passado - 10% -,
mas em relação ao mês anterior o crescimento foi de apenas 0,5%. Isso
mostra q ue já está havendo uma acomodação, embora essa acomodação se
dê em patamares bastante elevados, que mantêm o crescimento industrial
do País em níveis excepcionais. Não acredito que o aumento da taxa
Selic possa causar um prejuízo enorme à área de indústria e comércio.
Grande parte dos bens de consumo não tem sido vendida com a taxa Selic.
Na área automobilística, os bancos das montadoras têm juros muito
inferiores aos da Selic. A mesma coisa acontece, por exemplo, com o
varejo. As lojas de varejo fazem vendas a crédito sem se preocupar com
a taxa Selic. Como o presidente sempre disse, a pessoa compra dentro de
uma prestação que é capaz de pagar, aquela famosa projeção que cabe no
seu bolso. Se a pessoa vai comprar um liquidificador em uma loja de
varejo, ela não tem a menor preocupação e muitas vezes não tem nem
idéia do que é a taxa Selix. O que ela conhece é a taxa que é capaz de
pagar."
Inflação
- "Temos poucas ferramentas para o controle da inflação. O aume nto de
juros é uma ferramenta clássica usada por todos os países do mundo para
esse controle. Acredito que o Banco Central tem uma preocupação
legítima com isso e tem mantido o controle da inflação bastante
estrito. É evidente que ninguém gosta do aumento da taxa de juros, mas
é preferível tomar um remédio amargo para que se tenha um futuro mais
saudável. Essa é uma medida que não agrada a todo mundo. Certamente,
não agrada ao presidente do Banco Central, nem ao presidente Lula, nem
a mim e nem aos empresários. Mas temos poucos instrumentos para
controlar a inflação, especialmente quando ela é causada pela inflação
externa e pelo aumento dos preços de alimentos."
Demanda em alta
- "A demanda crescente tem sido atendida. Por exemplo: no caso dos
automóveis, em maio foram vendidos no mercado interno mais de 300 mil
veículos. Já computadores, também no mês de maio, foram vendidos mais
de 2,5 milhões. No setor de bens e capital, o aumento tem sido muito
alto, 40% d e crescimento. Isso significa que as empresas estão
comprando mais. Usando máquinas mais modernas, mais produtivas, mais
eficientes e também produzindo com mais qualidade. O setor industrial
se prepara para a demanda e para o aumento da competitividade em função
do aumento das importações."
Crescimento sustentável
- "A previsão de crescimento indica que o Brasil deve manter um
crescimento de 5% do PIB ao ano. E as estruturas industrial, do
agronegócio e do setor terciário têm todas as condições de manter esse
crescimento para os próximos anos. Estamos ganhando produtividade,
cerca de 4% ao ano, que é um número alto. E essa produtividade não está
se dando, como aconteceu nos anos 90, com desemprego. Pelo contrário,
temos aumentado a produtividade com a geração de um grande número de
empregos."
Protecionismo - "O fechamento de algumas
empresas em razão da concorrência externa é um processo inevitável. Não
se pode estabelecer proteções que fujam às r egras da Organização
Mundial do Comércio. Temos agido com relação à concorrência desleal. Se
há contrabando, temos agido não só em relação a produtos chineses como
de qualquer outro País. Com relação às fábricas estrangeiras instaladas
no Brasil, é claro que elas terão que seguir as leis e processos do
Brasil. Considero importante que, em vez de exportarem para o Brasil,
fábricas chinesas venham se juntar a nós, gerando empregos. Se essas
fábricas estão indo ao Rio Grande do Sul, são muito bem-vindas."
Zonas de Exportação
- "Estamos esperando a regulamentação da Zona de Processamento de
Exportação (ZPEs). Já temos mais de 50 pedidos de ZPEs. Aguardamos a
aprovação do decreto, para que comecemos a analisar esses pedidos.
Quanto à tributação, o que ocorrerá é que 15% da produção das ZPEs que
se destinarem ao mercado interno terão a tributação de produtos
importados, o que é o correto. E 80% do que é produzido nas ZPEs não
terá qualquer tributação porque será expo rtado".
Encontros de Comércio Exterior - "Há estudos
que indicam que esses encontros são fundamentais para o comércio
exterior. O Encomex é realizado no país inteiro, do Amapá até o Rio
Grande do Sul, e tem ajudado a criar o que nós precisamos que é uma
cultura exportadora. O Encomex tem o papel fundamental de despertar no
empresário a atenção para as exportações. O Brasil, historicamente um
país muito fechado e com um grande mercado interno, só se preocupava
com a exportação quando havia uma queda na demanda interna. Isso é
absolutamente errado. Temos que ter uma cultura de exportação e o
empresariado tem que saber que o mercado internacional é inúmeras vezes
maior do que o mercado interno. O que significa uma grande oportunidade
para que eles possam aumentar seus negócios."
Meio ambiente - "O caso da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) é parte importante da PDP. Na Suframa, mais de cem mil empregos - empregos que são muito produt ivos - têm ajudado, por meio dessa economia estabelecida, a preservar a Amazônia. Pessoas estão arrumando emprego, melhorando a qualidade de vida, sem precisar atingir qualquer árvore da Amazônia. A Suframa acaba sendo também importante para a preservação da floresta, 98% da preservação que vem ocorrendo no Amazonas se deve ao fato de existir a Zona Franca."
Em questão, Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, 5 de Junho de 2008