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IA em Ação promove debate sobre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial
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"A IA é muito associada a fake news, a problemas que vão tirar o trabalho das pessoas. Então, a construção do plano buscou sempre pensar em como a tecnologia pode resolver os grandes desafios nacionais", afirmou a coordenadora-geral de Transformação Digital do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), Eliana Azambuja, durante participação na manhã do "IA em Ação", evento realizado nesta terça-feira, 18 de fevereiro, em Brasília, na Sede do Serpro, estatal de inteligência em governo digital. Ela e o diretor de Infraestrutura de Dados Públicos da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Renan Gaya, conduziram painel sobre o Eixo 3 do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), focado na aplicação da IA para aprimorar os serviços públicos.
Eliana ressaltou que, apesar das preocupações comuns sobre IA, como a substituição de empregos e a disseminação de fake news, o objetivo do PBIA é utilizar a tecnologia para resolver desafios nacionais e modernizar o serviço público. Segundo ela, já existem 31 ações de impacto imediato implementadas, financiadas por empresas, órgãos públicos e entidades como a Finep. O Brasil também investe na criação de um supercomputador e na ampliação de centros de excelência em IA, além de estabelecer políticas para infraestrutura, como data centers sustentáveis.
Renan Gaya complementou destacando a necessidade de coordenação entre os órgãos públicos para garantir a eficácia das iniciativas e evitar esforços isolados. Segundo ele, um dos principais desafios identificados em pesquisas com 250 órgãos federais é a necessidade de capacitação dos servidores em IA. Para enfrentar essa barreira, estão sendo estruturadas ações de treinamento e disseminação do conhecimento, buscando alinhar as demandas tecnológicas com as formações oferecidas.
Evolução histórica da IA
Outra palestra matutina do evento foi "Uma breve história da Inteligência Artificial: de Alan Turing às ferramentas conversacionais", apresentada pelo analista da Divisão de Inteligência Artificial Generativa no Serpro, Rafael Odon, que abordou a evolução da inteligência artificial desde suas origens na década de 1950 até os avanços recentes em modelos de linguagem generativos. O especialista destacou o impacto do Teste de Turing na formulação da IA e explicou como, ao longo do tempo, essa tecnologia passou de cálculos matemáticos para interações conversacionais mais sofisticadas. Ele enfatizou a transformação dos chatbots, que antes eram limitados, mas hoje, com modelos como o ChatGPT, conseguem conduzir diálogos cada vez mais naturais.
Odon também explicou os fundamentos do aprendizado de máquina, demonstrando como as redes neurais profundas permitem que os modelos de IA reconheçam padrões e produzam conteúdos de forma autônoma. Ele abordou o avanço da IA generativa, que possibilita a criação de textos, imagens e até músicas, ampliando o potencial de aplicação da tecnologia. No entanto, alertou para os desafios da ética e da responsabilidade no desenvolvimento dessas ferramentas, destacando a necessidade de um uso consciente e seguro.
Governança de IA
A palestra Governança de IA e Ética na IA Responsável encerrou a manhã do "IA em Ação", enfatizando a importância da transparência e da explicabilidade dos modelos de inteligência, além de avaliar os desafios éticos no uso e desenvolvimento da tecnologia.
A gerente de Governança de IA e Ética no Tratamento de Dados do Serpro, Inah Barbosa, contextualizou a evolução da governança de IA no Brasil, mencionando a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), os princípios da OCDE e recomendações da Unesco. A regulação global também foi discutida, incluindo a recente legislação da União Europeia.
Por fim, reforçou-se a necessidade de um desenvolvimento responsável da IA, alinhado a princípios como privacidade e proteção de dados, equidade, transparência e prestação de contas. "A governança deve garantir que a IA seja utilizada de forma ética e benéfica para a sociedade, promovendo um mundo mais justo e sustentável", concluiu Inah Barbosa.