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Cidadania
Como o Serpro pode ser uma empresa ainda mais diversa?

Em relatório divulgado pela Antra, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, o Brasil continua sendo campeão em desrespeito e violência contra pessoas trans. Pelo 14° ano seguido, somos o país que mais mata essas pessoas no mundo. Foram 131 assassinadas em 2022, um número subnotificado, já que muitos estados não possuem sequer levantamento sobre LGBTQIfobia.
O público LGBTQIA+, como todo mundo, quer respeito, quer o fim do preconceito, quer conviver numa sociedade mais igualitária, e quer equidade para oportunidades em igualdade de condições com todos as outras pessoas.
A importância de promover os direitos das pessoas LGBTQIA+, dentro e fora do ambiente de trabalho, por meio de políticas corporativas e públicas contra a discriminação desse público é o tema do bate-papo com a coordenadora do Projeto ESG do Serpro, Valeria Silva, que tem o desafio de implementar ações que fortaleçam os pilares de sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança (sigla em inglês de Environmental, Social and Governance) na empresa.
Quais ações o Serpro já realizou junto ao público LGBTQIA+?
Na nova versão da Política e do Programa de Equidade, Diversidade e Inclusão, foram incluídas as pessoas LGBTQIA+ com citação explícita para promover uma cultura organizacional receptiva à diversidade humana. Entendemos que o que não tem nome não existe, daí a importância da citação da sigla LGBTQIA+, como forma de dar visibilidade ao grupo e às ações programadas.
Como empresa pública, temos a obrigação de tratar essa questão com a seriedade que é necessária, e nisto estão juntos a área de Gestão de Pessoas e o Comitê de Equidade, Diversidade e Inclusão da empresa. Iniciamos as ações deste ano a partir das discussões que fomentamos, como a palestra com Danielle Santa Brígida, diretora de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), trazendo luz para o Dia Internacional contra a LGBTIfobia, que é comemorado no dia 17 de maio e tem como um dos objetivos coordenar eventos internacionais que aumentem a conscientização sobre as violações dos direitos LGBTQIA+ e estimulem o interesse pelo trabalho em prol desses direitos em todo o mundo. Em maio, também como ação do mês de conscientização, foi criado um grupo na rede social interna chamado "Papo LGBTQIA+".
Qual o quantitativo desse público na empresa?
Em breve, almejamos lançar essa revisão do cadastro de empregados e abriremos a possibilidade de que as pessoas que quiserem se distinguir em relação à identidade de gênero possam fazê-lo. Esses dados serão de uso da gestão e, assim, possibilitarão criar políticas internas orientadas às pessoas LGBTQIA+. Porém, para a nossa iniciativa de trazer pertencimento e acolhimento a todas, todos e todes, o importante é reconhecer que essas pessoas existem, que o Serpro as quer aqui e que possam desfrutar da liberdade de serem quem são e serem respeitadas por isso.
Que outras ações estão previstas daqui para frente?
Estamos lançando neste Dia do Orgulho LGBTQIA+, 28 de junho, um edital direcionado às comunidades trans e travesti, executando a primeira ação do Investimento Social do Serpro, porque acreditamos no desafio de que incluir públicos minorizados no âmbito da tecnologia é viabilizar melhores oportunidades em diversos campos sociais. O edital busca selecionar projetos de inclusão sociodigital que, por meio de iniciativa no âmbito educacional, ou desenvolvimento de tecnologia digital, promovam impacto social positivo na vida de pessoas trans e travestis.
Nessa perspectiva, o Serpro também prevê atendimento a outros grupos vulnerabilizados, oferecendo protagonismo a outras diversas questões sociais. Esse é o início de um longo caminho que o Serpro e a sociedade brasileira precisa percorrer. Além dessa iniciativa, o Programa de Equidade, Diversidade e Inclusão da empresa vem procurando junto aos órgãos de governo e empresas públicas, boas práticas para serem implementadas internamente. Mas palestras, rodas de conversas e capacitações estão sempre nos nossos planos.
Em quais políticas de Estado o Serpro se inspira?
Em políticas inseridas em atos como o Programa Brasil sem Homofobia, que tem o objetivo de promover a cidadania homossexual e combater a homofobia; o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNDCDH); e da Parceria Global contra Todas as Formas de Discriminação, da ONU, da qual o governo federal é signatário.
Existe algum país que o Brasil possa se inspirar para aprimorar a política com esta comunidade? Ou Unidade Federativa?
O Programa Transcidadania foi muito inspirador. Lançado pela prefeitura de São Paulo, em 2015, pelo atual ministro da Economia, Fernando Haddad, dava uma bolsa de R$ 840 para os inscritos que cumprissem jornada semanal de 30 horas de formação escolar e profissional. Esse tipo de ação pública deu oportunidade de escolarização e profissionalização para uma população que constantemente é excluída do mercado formal de trabalho e muitas vezes é levada à prostituição para sobreviver. Essa é a cultura que queremos difundir. De que todos merecem respeito e dignidade. Muitas vezes, com um pouco de apoio, as pessoas se integram e seguem em frente. Pessoas LGBTQIA+ existem e são importantes.
Na esfera federal, existem diálogos e contatos com parlamentares que defendam a causa?
Estamos sempre em contato com a Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, do MDHC. Citamos alguns parlamentares que fazem um trabalho fantástico na defesa dos direitos desse grupo: Erika Hilton, que é a primeira deputada federal negra e trans eleita na história do Brasil; e Duda Salabert, deputada federal trans.