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ESG
Não empoderar mulheres, negros e LGBTQIA+ é desperdiçar inteligência

Reconhecer que não existe uma democracia racial no Brasil e que esse mito relegou as pessoas negras a um lugar de exclusão: isto, segundo a chefe de gabinete da ministra da mulher, Dulce Pereira, é uma premissa libertadora para que o país consiga, assim, verdadeiramente investir no potencial pleno dos cidadãos.
"Seria impossível agir se não admitíssemos como o patriarcado se estruturou no Brasil e como o racismo impregnou e, diariamente, contamina todas as relações de poder e interpessoais. Enfrentar essa realidade é um extraordinário passo, é uma ruptura com a inércia rumo a movimentos que poderão nos tornar a nação que podemos e queremos ser", enfatizou Dulce que, além de ter sido professora universitária e comunicadora, foi a primeira mulher negra a ser embaixadora do Brasil e a primeira mulher a presidir a Fundação Cultural Palmares.
Durante o bate-papo realizado na quarta-feira, 29 de novembro, no Serpro, a convidada lembrou que "jogar fora" a inteligência de mulheres, assim como a de pessoas negras e LGBTQIA+, é promover o desperdício humano e de capacidades. "Para construir um multilateralismo vigoroso, precisamos da inteligência e da presença dessas pessoas", ressaltou Dulce. Ou seja, a inteligência dos grupos minoritários ou menorizados, que muitas vezes não é valorizada, é essencial para gerar rupturas e trazer diferentes pontos de vista para a solução de problemas e a sugestão de novos caminhos, inclusive no âmbito empresarial.
No encontro, também foi frisado que, apesar das temáticas citadas estarem mais diretamente relacionadas ao social, elas não se limitam a esse aspecto. "Quando falamos de gênero e raça, é necessário abordar as questões climáticas e a justiça ambiental associadas", destacou. A representante do Ministério das Mulheres entende os fatores ambientais como agravantes de desigualdades já existentes e que eles afetam de maneiras diferentes, e mais intensas, certos grupos, especialmente mulheres negras e indígenas. Entre os efeitos, Dulce mencionou o deslocamento e a contaminação de territórios, a redução da capacidade produtiva e a perda de infraestrutura para realizar o trabalho.
ESG no Serpro
Combater a discriminação de raça e gênero é um dever de todas as pessoas, organizações, e é uma atitude ESG. No Serpro, identificar as falhas e agir, por meio de estratégias assertivas, é um compromisso institucional para ajudar a transformar o mundo em um lugar mais igualitário e diverso.
Em 2023, por exemplo, estão em curso os editais Agora 3T e Agora 2M de investimento e inclusão digital para, respectivamente, pessoas trans e travestis, e para mulheres negras, indígenas, de comunidades tradicionais e periféricas ou em situação de vulnerabilidade.
No mês de novembro, a empresa iniciou entre os empregados uma atualização cadastral, com a autoidentificação de raça, para analisar a necessidade de medidas de equidade para que a instituição se torne cada vez mais plural. Está ainda, em construção, um programa em prol da ascensão de lideranças femininas na empresa.
"Precisamos de espaços constantes de escuta e diálogo para entender o lugar de fala e como podemos aprender e, assim, empoderar as mulheres, principalmente as mulheres negras. Isso não é uma questão só de responsabilidade social. É uma questão de cidadania fazer essa reparação histórica. E o Serpro, junto ao governo federal, vem caminhando nesse sentido", comentou o presidente do Serpro, Alexandre Amorim, na abertura da palestra.
O bate-papo com Dulce Pereira, sobre os desafios enfrentados pela mulher negra na ascensão gerencial e outros tópicos, foi idealizado pelo Ser ESG, o projeto estratégico encarregado de articular, em conjunto com as diferentes áreas e pessoas, reflexões e ações individuais e corporativas para o Serpro ser uma empresa, interna e externamente, cada vez mais socialmente responsável e ambientalmente justa. Veja ou reveja o bate-papo a seguir: