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ESGtec
ESG na Prática mostra realizações do setor público com impactos sociais e ambientais positivos

“O objetivo deste evento foi trazer cases de sucesso para dividir experiências práticas, porque quando começamos a discutir a agenda ambiental, social e de governança no Serpro, encontramos muitos desafios, como sermos uma empresa pública, com arcabouço legal muito exigente a ser cumprido, e como implementar algo além do que toda essa legislação determina”, declarou a diretora de Administração do Serpro, Elana Sousa, na abertura do ESG na Prática, evento realizado pela empresa na tarde desta terça-feira, 25 de outubro.
A diretora foi a responsável por mediar o painel formado por Petrobras, que apresentou as experiências na dimensão ambiental, Banco do Brasil, com os exemplos de ações voltadas ao social, e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) que, assim como o nome antecipa, abordou o tema governança. Elana Sousa valorizou o evento como um reforço no objetivo do Serpro em integrar os três elementos da agenda ESG. “Vamos buscar, com as nossas ações, equilibrar a balança dos impactos ambientais e sociais com o resultado financeiro, visando a sustentabilidade e perenidade do nosso negócio”, afirmou.
Meio ambiente em destaque
O biólogo, pesquisador ambiental e integrante da equipe da Gerência Executiva de Clima, Eduardo B. Platte, apresentou a experiência da Petrobras na área do meio ambiente. A empresa de energia tem como princípio que limitar o aquecimento global para garantir um clima habitável e proteger a biodiversidade são objetivos que se apoiam mutuamente para oferecer, de forma sustentável, benefícios para a sociedade.
“A agenda ESG traz à tona uma discussão de pensar num novo paradigma de que a conservação abordaria objetivos simultâneos, buscando um clima adequado para a nossa sociedade, uma biodiversidade autossustentável, inclusive provendo formas de sustento para as pessoas, não só olhando pra essa biodiversidade como aquela intactamente preservada”, afirmou Platte, que lembrou da participação da representante de uma ONG da Amazônia numa reunião com a empresa, que falou para que não fosse esquecido que debaixo da floresta tem gente.
Sobre as soluções baseadas na natureza (NBS), Eduardo Platte ressaltou que a restauração de ecossistemas está entre as mais rápidas e baratas medidas de mitigação do clima, aumentando a resiliência da biodiversidade face às alterações climáticas. Ele destacou os projetos voluntários da Petrobras que já alcançaram resultados consistentes, como: fortalecimento de 25 milhões de hectares de áreas protegidas, envolvimento de cerca de 17 mil pessoas em ações de geração de renda, capacitação e educação ambiental, além do “Floresta Viva”, apoiado pelo BNDES, que nos próximos 5 anos terá R$ 100 milhões de investimentos em projetos de restauração florestal, por meio de editais públicos.
Exemplos sociais do BB
O gerente executivo de Sustentabilidade Empresarial do BB, Gabriel Santamaria, iniciou sua fala lembrando que a preocupação com a sustentabilidade começou ainda na década de 1980, citando a criação da Fundação Banco do Brasil. Ele evidenciou que, desde 2020, o banco trabalha com a lógica de geração de valor para todos os stakeholders e não apenas aos acionistas, e que busca o resultado econômico, mas gerando cada vez mais impacto socioambiental positivo.
“O principal negócio do banco é oferecer crédito. Eu posso fazer isso para um motor a diesel, para gerar energia, ou financiar uma placa fotovoltaica. A placa fotovoltaica traz um benefício econômico pro banco e, assim, pro meu acionista, gera valor pro meu cliente, que vai ter uma conta mais barata de energia, e isso também tem um impacto positivo para o meio ambiente”, enfatizou Santamaria. “Esse é um tipo de prática, de negócio, que a gente tem que fomentar cada vez mais”, acrescentou.
O representante do BB também afirmou que a agenda de sustentabilidade precisa ter uma evolução contínua, ao apresentar os 10 compromisso para o futuro, que tem três vertentes: negócios sustentáveis, investimento responsável e gestão ASG (o banco traduz a sigla ESG, usando o ‘A’ de ambiental em vez do ‘E’ de environmental). Em relação a este último, que Gabriel chama de dever de casa, o Banco do Brasil tem como algumas das metas ocupar os seus cargos de liderança sênior com 23% de pretos e pardos e com 30% de mulheres até 2025. Além disso, a Fundação BB terá R$ 1 bilhão para investir em projetos socioambientais até 2030.
A governança que gera valor
O coordenador geral do Capítulo Brasília/Centro-Oeste do IBGC, Antonio Bizzo, apresentou o Instituto como um think tank de governança corporativa no Brasil. Uma rede colaborativa de ideias dedicada a explorar esse tema para impactar positivamente a sociedade. Ele falou sobre as 15 medidas para uma governança que inspira, associando o primeiro ponto à própria realização do ESG na Prática. “A primeira é basicamente o que o Serpro está fazendo aqui, que é conscientizar líderes e funcionários para que atuem no interesse corporativo, fundamentando as suas decisões, de maneira a estarem alinhados à identidade da organização, e que seus comportamentos impactam a empresa e também a sociedade”, frisou.
Bizzo relembrou como governanças corporativas ruins afetam dramaticamente o bem estar econômico público e que isso ocorre pelo excesso de riscos assumidos e o maior foco em resultados de curto prazo, descolados de uma performance sustentável. De acordo com ele, estudos divulgados pelo IBGC demonstram que grandes fundos e investidores deixam claro que governança gera valor, buscando a gestão responsável, que mira os benefícios sociais. “Se você está preocupado genuinamente com os impactos e com as partes interessadas do seu negócio, isso vai muito provavelmente tornar a sua empresa com um prognóstico maior de sobreviver, mais resiliente”, relatou.
Encerramento
O presidente do Serpro, Gileno Barreto, encerrou o evento, apontando para o tamanho do desafio encontrado para se estabelecer a agenda ESG numa organização, valorizando também a realização de iniciativas como o evento ESG na Prática para pavimentar esse caminho. “Para nós, o ESG é um dos grandes temas a serem enfrentados, no melhor sentido, por todas as empresas e instituições porque incorpora às práticas de gestão empresarial uma série de critérios e parâmetros que são importantíssimos para o nosso futuro, não só como gestores, mas como cidadãos e seres humanos viventes no nosso planeta”, concluiu.
O que é a agenda ESG?
A nova agenda de sustentabilidade foi adotada no Serpro com a denominação ESGtec. Além de atuar nas três vertentes: ambiental, social e governança, a diretriz da empresa incluiu o termo “tec” para fortalecer a vinculação com a tecnologia, sendo a empresa uma das protagonistas da transformação digital do Estado brasileiro.
A origem da sigla ESG vem do inglês para os termos ambiental (environmental), social e governança. Trata-se de uma visão que tem pautado a sustentabilidade empresarial em torno desses três eixos. Isso significa considerar os impactos da atuação das instituições no meio ambiente, na sociedade e na relação com seus colaboradores, além de como a ética, o combate à corrupção e outros elementos da governança são desenvolvidos. O objetivo é construir uma nova cultura corporativa e reorientar as estratégias empresariais para promover impactos positivos na vida das pessoas e no planeta.