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ESGtec
“Nosso principal objetivo é trazer a pauta ESG para o dia a dia do desenvolvimento”

Entrevista publicada originalmente em 19/7/2022
O ESGtec, a agenda do Serpro que incorpora princípios e ações relacionadas às dimensões ecoambientais, sociais e de governança, tem como tema principal o “Digital para as Pessoas”. E a empresa tem como parte indissociável da sua história e de seu presente construir soluções que aprimoram a relação do Estado com a sociedade.
Nessa entrevista com o superintendente de Digitalização da Receita Federal (Supdr), Sergio Fernando Oliveira Theodoro dos Santos Kamache, membro da Comissão ESG, o Portal Serpro conversa sobre o valor dos serviços do Serpro na sociedade sob a ótica do desenvolvimento. Nesse contexto, a entrevista aborda ainda como o Desenvolvimento se organiza para ampliar a contribuição da empresa na dimensão Social do ESGtec, principalmente na construção de soluções ainda mais inclusivas, com foco em acessibilidade e usabilidade, facilitando assim o dia a dia do cidadão.
Sergio Kamache é formado em Ciência da Computação e pós-graduado em Engenharia de Software. Ingressou no Serpro em 2004 e atuou no desenvolvimento de Programas Geradores de Declarações do segmento PJ, na implantação do Processo de Desenvolvimento de Software, dentre outras atividades. Em 2014, assumiu o departamento responsável pelos sistemas dos domínios CNPJ, Comércio Exterior, IRPJ e PGFN. Em maio de 2019, passou a gerenciar o domínio Importação e Exportação do Comércio Exterior e, no segundo semestre do mesmo ano, assumiu a Superintendência de Digitalização da Receita Federal. Confira a entrevista.
Portal Serpro - Qual o ponto de partida para incorporar o ESG no desenvolvimento, aumentando o impacto das soluções na sociedade?
Sergio Kamache – O Desenvolvimento está presente no Comitê ESG do Serpro para contribuir em todos os aspectos da agenda, mas principalmente para discutir como incluir essa pauta na construção de soluções na empresa, tanto em nossos produtos quanto nas soluções sob medida que desenvolvemos. Nosso principal objetivo é trazer a pauta ESG para o dia a dia do desenvolvimento.
Portal Serpro - Como direcionar o desenvolvimento para o foco no aspecto social do ESGtec?
Sergio Kamache – Nós já trabalhamos com foco em aspectos sociais e de governança. Os sistemas que nós desenvolvemos, como são voltados para o governo digital e para o avanço na integração do segmento privado com o governo, já nos colocam como protagonistas em ESG. Mas queremos ir além, a meta é internalizar a discussão, enriquecendo nosso processo de desenvolvimento e desenvolvendo um pensamento, uma motivação, entre nossos colaboradores, completamente alinhada com os valores de ESG. Somos uma empresa de inteligência, com colaboradores diferenciados no conhecimento do negócio de nossos clientes e do ecossistema do governo digital. Se adicionarmos a pauta ESG nas nossas discussões, e de forma mais natural, poderemos agregar muito mais ao Brasil.
Estamos falando da inclusão das pessoas, de trazê-las para as políticas públicas, para tudo que o governo faz, de forma menos burocrática e mais acessível, por exemplo. Isso já está no nosso DNA, ajudar o governo a chegar num novo patamar no atendimento ao cidadão. Mas precisamos nos questionar: o que podemos melhorar, no viés do ESG, tanto nos produtos que lançamos, quanto nas soluções sob medida que desenvolvemos?
Portal - Nesse sentido, como o ESGtec muda a forma de construir soluções na empresa? O que pode ser melhorado?
Sergio - Se existe algo que é certo na vida é que tudo sempre pode ser aprimorado, sempre há espaço para evoluirmos. Nós devemos ampliar a discussão da função social e de governança dos produtos que lançamos, procurar mensurar os ganhos para a sociedade para enriquecermos nossos backlogs com proposições concretas de avanços com foco em ESG. Como alcançar um novo patamar? Existem aspectos que podemos aperfeiçoar no nosso processo de ideação de produtos para visar um enfoque maior em acessibilidade, por exemplo? Essas discussões precisam ser priorizadas a todo tempo.
"Se a pauta ESG for somada ao nosso esforço cada vez maior em prol do lançamento de soluções inteligentes e com usabilidade diferenciada, alcançaremos um novo patamar como empresa de inteligência que melhora a nossa sociedade"
Portal – Essa mudança impacta também as soluções criadas sob medida para os clientes?
Sergio - Nos sistemas sob medida, os requisitos nascem das necessidades dos clientes. Mas se toda a empresa tiver consciência plena do ESG, será que não podemos contribuir para chegar em soluções mais completas com esse viés? O Serpro tem uma bagagem grande de conhecimento de negócio, contribuindo de forma direta no desenho de soluções que atendem as necessidades dos nossos clientes. Mas podemos sugerir caminhos para um aprimoramento em termos de usabilidade e acessibilidade, dentre outros. Também podemos sugerir funcionalidades que melhorem mais ainda a vida de todos, ou a incorporação de facilidades inteligentes que promovam mais governança. Nossos clientes virão conosco se estas sugestões agregarem facilidades para a vida de todos.
Portal - Como o ESG passa a fazer parte do cotidiano do desenvolvimento?
Sergio - Todo o desenvolvimento precisa estar preparado, conhecer bastante ESG, para trazermos essa contribuição na hora que definimos um produto ou um sistema sob medida. Planejamos capacitar nossos colaboradores, aprimorarmos nossas ferramentas, incluindo bibliotecas de tecnologias de frontend e design systems, e nosso processo de desenvolvimento. E vamos buscar indicadores que nos ajudem a enxergar as melhorias que promovemos para a sociedade, além do enfoque em soluções mais acessíveis.
Um exemplo de uma ação que está em curso é a implementação de facilidades em nossas ferramentas de desenvolvimento, para podermos apontar contribuições de ESG em nossos itens de roadmap e, em seguida, definir indicadores e mensurar os resultados que estão sendo atingidos. O objetivo é incorporar essa prática ao dia a dia de todas as equipes.
Mais uma vez, se a pauta ESG for somada ao nosso esforço cada vez maior em prol do lançamento de soluções inteligentes e com usabilidade diferenciada, alcançaremos um novo patamar como empresa de inteligência que melhora a nossa sociedade.
Portal – O objetivo é ser mais inclusivo e mais acessível. Pode detalhar essas definições?
Sergio - Ao falar de inclusão, eu me refiro a trazer mais pessoas para uma solução porque ela é mais completa e permite tratar mais questões de ordem prática do governo digital. Claro que isso tem também uma interseção com usabilidade e acessibilidade. Se desenvolvemos um sistema com uma interface simplificada, com uma experiência de usuário leve, acabamos trazendo para o mundo digital o cidadão que tem mais dificuldade com computadores, como pessoas com idade mais avançada ou com alfabetização comprometida. No que tange a acessibilidade, estamos falando de dificuldades de ordem visual, auditiva, cognitiva e motora, por exemplo – existem caminhos para tornarmos nossas soluções mais acessíveis para todos.
"Temos muitas tecnologias despontando que podem contribuir com a inclusão, acessibilidade e usabilidade. Mas sem conhecimento e consciência, certamente teremos dificuldades no reconhecimento dessas possibilidades"
Portal – Como aprofundar a discussão sobre a acessibilidade?
Sergio - Como comentei antes, o que nunca nos faltará é espaço para evoluir. Faz parte da natureza humana. E sempre podemos ser mais empáticos em relação ao outro. O Serpro tem uma história ampla em termos de cuidados com acessibilidade, mas podemos aprofundar essas discussões a todo momento, e não apenas a partir de demandas dos nossos clientes. O aprofundamento vem com mais conhecimento - pretendemos investir nisso – e, principalmente, com mais consciência.
Com esse amadurecimento, poderemos chegar em lugares nunca antes imaginados. Ainda dependemos muito do hardware na interação homem-computador (uso do mouse e teclado, por exemplo), além de conhecimentos computacionais para utilizarmos soluções mais complexas. Será que o Metaverso, em um futuro não tão distante assim, não pode ser uma solução pra quem tem alguma dificuldade motora? Poderíamos ter soluções Serpro virtuais onde solicitaríamos a um atendente virtual as informações que precisam ser localizadas em uma solução de relativa complexidade? Temos muitas tecnologias despontando que podem contribuir com a inclusão, acessibilidade e usabilidade. Mas sem conhecimento e consciência, certamente teremos dificuldades no reconhecimento dessas possibilidades.