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Mainframe: o que é e qual o futuro desta tecnologia?
O que é um mainframe? Para que serve? Quais as vantagens e potencialidades desta plataforma tecnológica? E o que as novas gerações de equipamentos prometem para o futuro próximo? A fim de responder a essas e outras questões, o Portal Serpro procurou especialistas dentro e fora da empresa. Conversamos com Giancarlo Rodolfi, arquiteto de Cliente para Z (Mainframe), e Carlos Afonso Massiere, especialista de Mainframe para Clientes Governo, ambos da IBM; e também com José Edson Marinho de Sousa, gerente de departamento do Centro de Dados do Serpro, responsável pelos serviços em plataforma mainframe, e Sandro Ninin, analista de Suporte do Serpro, especializado em servidores de aplicação Java de grande porte no ambiente mainframe. Confira os principais trechos das entrevistas:
1- Em poucas palavras, o que significa mainframe? Quais as especificidades dessa tecnologia?
Giancarlo e Carlos (IBM) - Mainframe é um computador de grande porte que pode hospedar e executar diferentes aplicações em um único equipamento. Exemplo: posso executar bancos de dados e servidores de aplicações no mesmo ambiente, garantindo a segurança e integridade, além de possibilitar cenários de integração possíveis somente com esta arquitetura. O mainframe tem características únicas de segurança, escalabilidade e resiliência.
José Edson e Sandro (Serpro) - Mainframe é um computador de grande porte dedicado ao processamento de grandes volumes de dados, com alto desempenho, performance, escalabilidade e segurança. Apesar de o título mainframe nos remeter à enorme estrutura centralizada onde eram executados os processamentos dos dados, ao longo dos anos esse servidor vem ocupando cada vez menor espaço físico e agregando maior capacidade computacional.
Em razão de operar com processadores especializados (CPs, IFLs, zIIPs, dentre outros), além de recursos de criptografia, compactação, IO de rede, IO de disco, processamento Java, processamento Linux, por exemplo, em uma mesma máquina, obtém melhores tempos no processamento transacional online ou batch pela eficiência na distribuição das tarefas, otimizando a entrega de resultados.
2- Que problemas o computador mainframe veio para resolver?
Giancarlo e Carlos (IBM) - Na época de sua concepção e criação, a ideia que estava por trás era criar uma plaraforma que poderia executar todas as funções necessárias em um único equipamento, conectando e integrando diferentes periféricos como, por exemplo, discos, fitas e impressoras. Esta arquitetura, desde a sua criação, garante a portabilidade futura das aplicações, protegendo o investimento realizado. As principais vantagens da plataforma, suas principais características, são, como já dito, escalabilidade, segurança e resiliência.
José Edson e Sandro (Serpro) - Naquele momento, a grande questão era como processar, de forma centralizada, volumes gigantescos de dados, como, por exemplo, aqueles que foram utilizados para viabilizar viagens e lançamentos de foguetes tripulados. Atualmente, sistemas estruturadores de Estado, como Cadastros CPF, CNPJ, sistemas de arrecadação federal, sistemas de importação e exportação, sistemas transacionais que possibilitam atendimento online à população através das Delegacias da Receita Federal ou da Procuradoria da Fazenda Nacional, dentre muitos outros, operam simultaneamente com estabilidade, segurança e alto desempenho na plataforma mainframe do Serpro.
Uma vantagem a ser destacada é a capacidade do mainframe de operar dentro de um mesmo ambiente, um mesmo computador, diferentes cargas de processamento, transacionais, batch, linux, criptografias, etc, simultaneamente e com elevado padrão de desempenho.
3- Quais as vantagens dessa plataforma nos dias atuais? Ela ainda tem bastante uso no mercado?
Giancarlo e Carlos (IBM) - Como mencionado anteriormente, a proteção do investimento realizado é uma das maiores vantagens da plataforma. Este ambiente, que possui mais de 55 anos de existência, único no mundo da tecnologia da informação, está em constante evolução e totalmente integrado a tecnologias atuais como cloud e inteligência artificial. Além disso, há cerca de 20 anos, o mainframe executa o Linux nativamente e realiza investimentos em open source, sendo uma plataforma que possui um diferencial de performance e potencial de consolidação, sendo economicamente competitiva para diversas aplicações, como bancos de dados e servidores de aplicações.
José Edson e Sandro (Serpro) - A plataforma mainframe tem total aderência, agrega valor e otimiza resultados para sistemas que requeiram nível elevado de segurança, estabilidade, criptografia e alta performance. Vejo ainda essa plataforma como sendo completamente adequada para sistemas com característica massiva em cálculos, caso dos sistemas bancários e sistemas de companhias aéreas, cujos volumes de acesso são na casa de milhões de conexões; ou para empresas que precisem operar com sistemas que fazem uso de grandes volumes da dados processados, na ordem de bilhões de transações mês, estando o Serpro incluído em ambos os casos.
4- O que a IBM planeja para a plataforma? Qual papel está reservado para o mainframe no futuro?
Giancarlo e Carlos (IBM) - O futuro do mainframe é ser protagonista na transformação digital que ocorre atualmente nas empresas, principalmente cloud, inteligência artificial e criptografia, com a suas principias características de performance, segurança e alta disponibilidade garantindo a continuidade e preservando o investimento.
Os investimentos em mainframe nos últimos anos tem sido voltados para suportar a transformação que os nossos clientes estão passando, através de soluções de integração e tecnologias abertas. A IBM tem como estratégia se tornar o maior provedor de cloud híbrida e multi-cloud. As novas aplicações que estão sendo desenvolvidas por nossos clientes já estão nascendo na nuvem e, em muitos casos, os dados residem no mainframe. Nós criamos soluções de integração para tornar este processo mais rápido e transparente, inserindo o mainframe na esteira de desenvolvimento Devops, seja ela em cargas tradicionais ou tecnologias emergentes como Kubernetes, Containers e Microsserviços.
5- Quais são os planos do Serpro para uso da plataforma mainframe?
José Edson e Sandro (Serpro) - O Serpro está analisando cenários que culminarão com o crescimento do uso da tecnologia mainframe, passando a posicionar-se, ainda mais, como referência no uso desses computadores. Estamos com estudos que colocarão a empresa em outro patamar de conectividade, disponibilidade e abrangência com o uso integrado de virtualização, nuvens, containers, legado e inovação caminhando lado a lado, plataforma Alta e plataforma Baixa com sistemas interagindo entre os dois mundos de forma eficiente e performática. Projetos como DC 3.0, Datacenter 3,0, e PLIN, broker de Integração de APIs são marco no direcionamento de futuro integrado e de crescimento estruturado da plataforma mainframe do Serpro.
Esperamos, para o futuro próximo, dispor de dois novos mainframes em DR (Recuperação de Desastre) local, quer ativo, ativo ou ativo, passivo, ou seja, dentro de um raio que não agregue problema de latência de forma a permitir RTO (Tempo de Recuperação) próximo de zero e RPO (Tempo de Perda de Dados) zero, além de uma terceira máquina para DR remoto. As duas primeiras, pela proximidade de sua instalação, estarão aptas a produzir serviços em HA (Alta Disponibilidade), ficando a terceira para Gestão de Continuidade dos Negócios (GCN), em caso de desastre que leve à perda do cluster em DR local.