Notícia
Dia Internacional da Mulher
Perigo anunciado

“No ano de 2054, há um sistema que permite que crimes sejam previstos com precisão, o que faz com que a taxa de assassinatos caia para zero”, explica a sinopse do filme Minority Report, que fez sucesso em 2002. De forma análoga, é possível prever quando um feminicídio está prestes a ocorrer, com grande grau de precisão – mas esse tipo de crime está longe de ser zerado.
A violência de gênero não costuma ocorrer de repente. “Na maioria dos casos, a vitima sofre violência doméstica por diversos anos, tornando-se presa fácil para um homem agressor”, explica Gleide Ângelo, delegada especial e gestora do Departamento da Mulher do Estado de Pernambuco.
Ciclo de Violência
Normalmente, a violência física apresenta um padrão chamado Ciclo Espiral Ascendente de Violência, que foi definido pela psicóloga americana Lenore Walker em 1979. Esse ciclo tem três fases:
1- Fase da tensão, anterior ao ataque. Pode manifestar-se no tom de voz, em insinuações e manifestações verbais grosseiras.
2- Fase da explosão, na qual o agressor demonstra toda a sua ira, reage a determinadas situações de forma desproporcional e chega a cometer agressões físicas.
3- Fase da lua de mel, quando o agressor pede desculpas, e pratica manipulação afetiva de várias formas, prometendo que a situação não vai mais se repetir.
Ocorre que a fase da lua de mel não marca o fim da violência, e muito frequentemente é seguido de novo ciclo, com fases que tendem as ser cada vez mais curtas e com episódios de violência mais intensos.
Queixa na delegacia especializada
De acordo com a delegada Gleide, a quase totalidade das mulheres que prestam queixa em delegacia especializada sobrevivem à violência de gênero. “Tivemos mais de 16 mil boletins de ocorrência de janeiro a julho de 2017, em Pernambuco. Somente uma dessas mulheres foi vítima de feminicídio”, destaca.
“Eu faço palestras por todo o Estado, e frequentemente observo mulheres com olhos em lágrimas enquanto falo, porque estão vivendo exatamente o que descrevo. Essas palestras tem o propósito de encorajá-las a denunciar o agressor. É preciso disseminar esse tipo de informação em todos os lugares e apoiar as mulheres, porque esse é um tipo de violência que pode, e deve, ser evitado”, destaca a delegada.
Onde procurar ajuda
- No Serpro: Se precisar de orientação, entre em contato com a rede de apoio da empresa, que é formada pelos profissionais das equipes de saúde e segurança do trabalho: assistentes sociais, psicólogos organizacionais e do trabalho, médicos do trabalho e técnicos de enfermagem. Essas pessoas têm sua atuação voltada para a preservação da saúde das empregadas e empregados, nos seus aspectos físico, psíquico e social.
- Fora do Serpro: Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher. O Ligue 180 foi criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), para servir de canal direto de orientação sobre direitos e serviços públicos para a população feminina em todo o país. Ele é o canal principal de acesso aos serviços para mulheres que sofrem violência doméstica. A ligação é gratuita.
Palestra
Nesta terça-feira, dia 27 de março, às 14h, a lutadora paraense Érica Paes fará palestra sobre autodefesa no Serpro. Na apresentação, que acontece na Sede da empresa, em Brasília, e será transmitida para todas as regionais pela Internet (Assiste), a lutadora vai abordar violência contra a mulher, resgate da autoestima, combate ao medo, conscientização e demonstrações de algumas situações reais de autodefesa. A iniciativa é do Comitê de Equidade de Gênero e Raça, vinculado à Superintendência de Gestão de Pessoas.