Notícia
Dia Internacional da Mulher
Érica Paes traz dicas práticas sobre autodefesa feminina

"Nosso trabalho não tem soco, nem chute, nem cotovelada, nem joelhada” destacou Érica Paes, faixa preta de Jiu-jitsu e de Luta Livre Submission. A fala ocorreu na palestra que ofereceu no Serpro hoje, 27 de março.
“Todo o foco (de nosso treinamento em autodefesa) é treinar mulheres para que escapem da situação de agressão, mantendo sua integridade”, explicou a lutadora, reconhecida internacionalmente e famosa pela atuação na preparação de atrizes para novelas globais.
Boa parte de sua visita foi dedicada a demonstrar manobras simples que a mulher pode utilizar em caso de abordagem violenta, quando, por exemplo, é agarrada pelos braços ou pelos cabelos – ocorrências mais comuns em situações do tipo.
“São apenas três segundos para se defender, e dentro desses três segundos ensinamos a perceber se o homem está armado. Se estiver, não se deve tentar escapar ou reagir. Mas em 98% dos casos de agressão sexual o homem não porta armas. Ele se vale da intimidação, por isso o treino e o fator surpresa são importantes”, explicou.
A palestra está integralmente disponível para empregados e empregadas por meio deste link.
Violência progressiva
“Cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos, em nosso país. São 12 feminicídios por dia, e infelizmente esses números só crescem”, assinalou a palestrante. Além de apresentar o projeto e as dicas de autodefesa, Érica, que foi vítima de agressão de um companheiro também lutador, apontou características próprias da agressão doméstica.
“Esse tipo de violência é progressivo. Não começa da noite para o dia. Um dia, o homem se incomoda por qualquer coisa que lhe deu ciúme durante uma festa, um encontro social, e para de falar direito contigo. Depois, te proíbe de ver João, porque acha que João está a fim de você. Depois põe dificuldade para você se relacionar com sua família. Um dia dá um soco na mesa, no outro quebra seu celular. Você não vai recuperá-lo sozinha. Vá à polícia, peça ajuda. Existem profissionais para isso, mas não é você (a pessoa numa situação de abuso e agressão) que vai conseguir transformar um agressor”, destacou a lutadora.
“Mas e os homens?”
Érica também falou sobre a possibilidade de uma mulher ser violenta com um homem, dentro de casa. “A recomendação é a mesma. O homem deve parar a mulher, estancar a agressão. E também sair da situação, e também informar a autoridade que essa mulher está sendo violenta”, destacou a lutadora. “O trabalho que fazemos não é contra o homem. É contra a violência”, disse a palestrante, mais de uma vez, ao longo da tarde.
Cartilha e rede de apoio
A vinda de Érica fez parte de um conjunto de ações que o Serpro está implementando para colaborar no enfrentamento à violência contra a mulher. A coordenação das iniciativas é de responsabilidade do Comitê de Equidade de Gênero e Raça, vinculado à Superintendência de Gestão de Pessoas da empresa.
Antônio Pádua, Diretor de Administração, abriu a palestra em nome da diretora-presidente do Serpro, Glória Guimarães. Ele enfatizou: “Esse movimento de apoio tem de ser perene. Em março aproveitamos para ser mais incisivos nessa questão, aproveitando o Dia Internacional da Mulher. Mas esse é um compromisso da empresa durante o ano todo”, disse.
Pádua informou que, além da distribuição de uma cartilha sobre violência contra a mulher, pode-se contar com os profissionais de saúde da empresa para buscar orientação inicial sobre enfrentamento de situações de violência doméstica. Materiais de divulgação explicando como ocorrem os vários tipos de agressão também fazem parte da campanha relativa ao Dia Internacional da Mulher.
Onde procurar ajuda
- No Serpro: Se precisar de orientação, entre em contato com a rede de apoio da empresa, que é formada pelos profissionais das equipes de saúde e segurança do trabalho: assistentes sociais, psicólogos organizacionais e do trabalho, médicos do trabalho e técnicos de enfermagem. Essas pessoas têm sua atuação voltada para a preservação da saúde das empregadas e empregados, nos seus aspectos físico, psíquico e social.
- Fora do Serpro: Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher. O Ligue 180 foi criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) para servir de canal direto de orientação sobre direitos e serviços públicos para a população feminina em todo o país. Ele é o canal principal de acesso aos serviços para mulheres que sofrem violência doméstica. A ligação é gratuita.
- Treinamento para autodefesa - Projeto sob coordenação de Érica Paes
De acordo com a lutadora, já há grupos de mulheres recebendo atendimento de autodefesa no Rio de Janeiro, em Belém, brevemente em Brasília e em São Paulo (Barueri). A expectativa é que, em parceria com o Brasil Mulher, programa do Governo Federal, o treinamento chegue a todas as capitais. Para saber mais, acesse o site da Fundação Pró-Paz e acompanhe os perfis de Érica Paes nas redes sociais.