Imprensa
17 de maio: Dia Internacional contra a Homofobia
Homofobia não tem graça
O Dia Internacional contra a Homofobia é ocasião propícia para repensar alguns argumentos que tentam justificar as piadinhas que reforçam estereótipos e preconceitos.
Brincadeiras são inofensivas se todo mundo considera aquilo um absurdo. Mas muitas pessoas consideram, de verdade, que homossexuais são menos capazes, mais atentos a coisas supérfluas, menos corajosos. Ao repetir piadas sobre gays e lésbicas, mesmo sem intenção, você contribui para que essa visão seja reforçada. Além de permitir que pessoas realmente preconceituosas reafirmem suas posições de forma confortável, em um clima de cumplicidade.
Como saber? Por conta do preconceito, é altamente provável que você conviva com uma pessoa que não expressa sua homoafetividade. Cada vez que essa pessoa ouve uma piadinha, ela se convence mais a não abrir uma parte de sua identidade, que se revelaria naturalmente na hora do cafezinho ou no dia de trazer a pessoa que ama para um happy hour com o pessoal da empresa.
Gay, lésbica e homossexual são os “nomes” de quem tem orientação sexoafetiva pelo mesmo gênero. Os demais são largamente usados para demarcar pessoas "diferentes" de maneira preconceituosa. Não faz sentido xingar alguém referindo-se à orientação sexual. E deixar de usar essas palavras é um esforço muito pequeno em relação ao benefício que proporcionará a outras pessoas.
Se alguém disser que sua equipe é feita de folgados, pode ser que um dia você chame o colega da equipe de “folgado”, brincando, e não será ofensivo. Isso porque você também faz parte do time dos "folgados" e seu colega sabe do sentido da brincadeira. Mas, se outra pessoa o chamar de "folgado” será outra história. Fazemos brincadeiras ousadas com quem compartilhamos identidade, experiências ou afeto.
O mundo sempre foi pra lá de chato para quem sofre discriminação. Uma pessoa passa a vida inteira vendo sua orientação sexual sendo motivo de piada. Isso é bem mais do que um pouquinho “chato”. Então, o que é mais relevante: a chatice de perder uma piada ou o sofrimento real de alguém cuja identidade é ridicularizada?
Ninguém tem obrigação de se aproximar de quem não quer, ou de se relacionar afetivamente com quem não gosta. Mas respeitar a outra pessoa em sua diferença é fundamental para quem se preocupa com o bem comum. Deixar de fazer uma piada é bem diferente de “ser obrigado a amar”. O que ninguém tem obrigação é de aturar piadinha preconceituosa.
Adianta, sim. Já existe um pouco mais de justiça quando a pessoa que se cala é a preconceituosa e não a que sofre preconceito. Uma piada a menos significa um desconforto a menos. Além disso, você contribui para quebrar o ciclo do preconceito. Crianças que observam pessoas adultas envergonhadas de serem preconceituosas aprendem, pelo exemplo, que não está certo conquistar cumplicidade fazendo piada baseada em orientação sexual.