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Blockchain traz economia e segurança para serviços governamentais
A cotação do Bitcoin, criptomoeda lançada em 2009 que acumula valorização de mais de 1500% em 2017, é um dos assuntos mais noticiados e comentados no momento. Mas o que muitos não sabem é que as moedas digitais são apenas uma das aplicações possíveis para uma nova tecnologia que está ganhando espaço em todo o mundo: o blockchain.
Blockchain é um protocolo de confiança e validação de transações que funciona com bases de registros e dados distribuídos em rede, a fim de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado sistema. Na prática, funciona como uma espécie de livro de contabilidade que registra todas as transações entre os usuários e que fica arquivado de forma distribuída em todos os nós de sua respectiva rede.
A grande vantagem do modelo é o uso da descentralização como medida de segurança. Isso quer dizer que, para que uma fraude seja bem sucedida, não basta o criminoso acessar um banco de dados e fazer uma alteração no registro. Ele tem que invadir e alterar, praticamente ao mesmo tempo, mais da metade dos nós da rede em questão. Isso garante um alto grau de segurança ao sistema, uma confiança que cresce quanto mais a rede for distribuída.
Aplicações no governo
Há um grande potencial de uso desta tecnologia no setor governamental. Criação de identidades digitais on-line; desenvolvimento de plataformas digitais de votação; desburocratização de serviços de registros públicos, como certidão de nascimento; mais transparência e rastreabilidade aos processos licitatórios; e automatização da operação aduaneira. Essas possibilidades foram destacadas, em recente artigo publicado no portal do Serpro, por Marco Tulio da Silva Lima, analista de desenvolvimento da empresa e membro do Grupo de Estudos Blockchain em Aplicações de Interesse Público, do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio.
E é por isso que o Serpro criou a primeira plataforma blockchain para o governo federal. "Trata-se de uma infraestrutura em nuvem para instanciação de redes blockchains e de nós nessas redes. As redes serão distribuídas entre os órgãos e entidades participantes de cada uma delas. Os participantes terão um ou mais nós nestas redes e esses nós podem estar na nuvem do Serpro ou em qualquer outro provedor de TI de sua escolha", explicou Gleison Diolino, gerente de Engenharia e Arquitetura de Serviços do Serpro.
De acordo com ele, a plataforma oferece, ao governo, agilidade para a criação e ampliação de redes blockchain para suporte a inúmeros tipos de serviços públicos, com redução de custos em transações e com garantias extras de segurança e privacidade. "Os benefícios ao cidadão dependerão do propósito de cada rede implementada. No geral, é possível reduzir a burocracia e eliminar intermediários em interações do cidadão com o governo ou com empresas, uma vez que esses intermediários geralmente servem para dar garantia em documentos e dados, algo que uma blockchain pode garantir por si mesma", acrescentou.
Ainda segundo o gerente, a plataforma encontra-se em fase de finalização de suas primeiras redes, em parcerias piloto com alguns órgãos específicos. Em março de 2018 ela vai estar aberta à contratação pelos clientes da empresa.