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Violência contra a mulher tem origem cultural
Uma ideologia milenar que pensa o mundo a partir do masculino, coloca o homem como referência central da realidade e que é reproduzida em todas as esferas e classes econômicas. Esse é o patriarcado, um traço cultural que está na base do machismo e da violência de gênero. A análise é da secretária da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia, que participou do "I Fórum de Gênero e Raça: o Serpro sob um ponto de vista afirmativo", realizado na sexta-feira, 21 de março, em Brasília.
Para demostrar seu ponto de vista, Olgamir abordou a influência do patriarcado desde a infância, com a distinção entre meninos e meninas nos jogos, brincadeiras e até nas cores tradicionalmente usadas pelos bebês em seus primeiros dias de vida. Outro aspecto citado pela secretária é a objetificação da mulher, que destaca no feminino apenas atributos estéticos e sexuais. "E se a violência contra a mulher é algo construído, ela pode então ser desconstruída e o espaço para isso é o da educação, seja em casa ou na escola. Precisamos oferecer educação para que nossas crianças possam crescer no mundo com um outro olhar", analisou a secretária.
Segundo Olgamir, a construção de uma sociedade igualitária para os dois gêneros é um trabalho que ataca mecanismos de violência e alcança a reconstrução de mentalidades arraigadas em nossa cultura. "Vejo companheiros dizendo que em sua casa a igualdade está garantida porque ajudam sua companheira ou mulher. Mas aí digo que nao é suficiente. Não basta 'ajudar', tem que dividir as tarefas de casa. Ajudar subtende que essa tarefa é de responsabilidade do outro, que você, por ser bonzinho, está fazendo, no momento que quiser. Mas não é isso. Cuidados com a casa, com a família, com os doentes são deveres de todos, homens e mulheres", afirma Olgamir.
Fórum
Além
de discutir a violência contra a mulher, o "I Fórum de Gênero e Raça: o
Serpro sob um ponto de vista afirmativo" abordou o impacto positivo de
ações afirmativas nos planos de raça e gênero. Na ocasião, a empresa
apresentou o seu plano de ação para a 5ª edição do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça (PSEG), coordenado pela Secretaria de Políticas para
as Mulheres, da Presidência da República (SPM/PR). O documento, que
aponta aonde a organização pretende chegar com a promoção da igualdade no
âmbito das suas relações de trabalho, contempla dez iniciativas, sendo
que duas estão na categoria de ações inovadoras: conscientizar empregadas e
empregados para a realização da Campanha de Identidade Racial; e realizar diagnóstico sobre a percepção das pessoas na empresa sobre o tema "conciliação entre trabalho e família".
O diretor de Operações do Serpro, Wilton Mota, destacou a importância do fórum como canal para refletir sobre discriminação dentro e fora do ambiente de trabalho. Para ele, é inconcebível a manutenção do preconceito em pleno século XXI. Pensamento semelhante foi compartilhado por Marcos Benjamin, superintendente de pessoas da empresa. "Eventos como esse representam um momento especial para entendermos nossa realidade e iniciar ou continuar os processos de mudança. Precisamos saber quem somos para mudar", destacou Benjamin.