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Software Livre e Inclusão Digital na Feira Panamazônica de Economia Solidária
A atividade reuniu 35 pessoas de todos os Estados da Região Norte do país e teve como objetivo a integração entre os movimentos de software livre, inclusão digital e economia solidária.
“Uma vitória importante para nós da economia solidária é a quebra de monopólios. Não é possível termos uma outra economia sem quebrar também o monopólio de software. Essa união é importante porque enfrentamos uma crise onde cada um é forçado a ser especialista em um único tema ao invés de construirmos uma frente ampla”, afirmou Cristiane Pereira dos Santos da Secretaria Nacional de Economia Solidária. Ela finalizou sua participação na oficina lançando uma pergunta aos participantes do movimento de economia solidária. “Quem disse que devemos comprar um computador para nosso empreendimento com um determinado software e que ainda devemos usá-lo pra sempre?”, questionou.
“Os princípios de autonomia, solidariedade e liberdade estão presentes nestes três movimentos aqui reunidos. Cada um possui as suas experiências práticas e as suas bandeiras de luta. Após a oficina a idéia é que todas(os) saiam daqui sensibilizados da importância estratégica das tecnologias livres de informação e comunicação para a superação dos nossos desafios econômicos, sociais, culturais, ambientais e políticos”, afirmou o técnico do projeto Casa Brasil Flavio Gonçalves. As 4 liberdades do software livre, as possibilidades de sua utilização e as dúvidas quanto ao processo de adaptação dos novos usuários foram os temas abordados por ele na oficina.
O Coordenador Nacional de Inclusão Digital do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) Luiz Claudio Mesquita destacou que a inclusão digital é uma necessidade para o conjunto da população que busca uma melhor qualidade de vida. “Quem não tem acesso a tecnologia fica sem os benefícios que a sociedade da informação oferece. É por isso que apoiamos iniciativas de inclusão digital em regiões de baixo índice de desenvolvimento humano e temos a certeza que o movimento da economia solidária tem muito a ganhar com a apropriação das tecnologias livres e da internet”, disse. Mesquita repassou ainda informações sobre como os empreedimentos solidários podem conseguir apoio do Serpro para a instalação de telecentros de inclusão digital.
O representante da Coordenação Nacional do projeto Casa Brasil e responsável pela articulação entre as três áreas Everton Rodrigues disse que nos dias de hoje é impossível pensarmos no envolvimento econômico local e sustentável sem a apropriação das TIC's. “Tanto a internet, o software livre e a economia solidária foram práticas populares, surgidas sem interferência direta de governos e corporações, e sim iniciativas autônomas baseadas na criatividade. Hoje passamos por profundas transformações sociais, políticas e econômicas provocadas por um sistema de comunicação cada vez mais convergente. Por isso é fundamental que a economia solidária se aproprie das TIC's (tecnologia da informação e comunicação) tanto nas técnicas dessa rede viral como na produção de conteúdos”, finalizou.
Miguel Steffen, integrante do projeto Mundo Paralelo, deu um testemunho vivo do processo por ele chamado de “libertação”. “Minha formação é em tecnologia e sempre trabalhei com software proprietário. Aceitei o desafio para me libertar e há 3 semanas utilizo Gnu/Linux. Estou me adaptando ainda, mas não há muita diferença visual e quando tenho um problema busco pela internet um apoio dos membros da comunidade software livre e rapidamente recebo uma solução. Isso é solidariedade”, disse entusiasmando os presentes para que também instalem softwares livres em suas máquinas.
Já o membro do Fórum Brasileiro de Economia Solidária Daniel Tygel chamou a atenção para o suporte no processo de migração. “Precisamos garantir este suporte aos empreedimentos, porque o trauma de migração pode fazer todos detestarem linux e instalarem software proprietário por cima. Estamos tendo este cuidado agora no processo de envio de computadores para todos os Fóruns Estaduais de Economia Solidária que passarão a utilizar Linux”, destacou. Os representantes do Casa Brasil e do Serpro repassaram contatos estaduais do movimento de software livre para que os participantes de empreedimentos solidários possam buscar suporte no processo de instalação e capacitação em software livre. As unidades Casa Brasil e os Telecentros apoiados pelo Serpro são pontos de referência em software livre nos Estados.
Resultado de uma articulação entre o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Serpro e Secretaria Nacional de Economia Solidária, serão realizadas oficinas como a da Feira Panamazonica em todas as 27 Feiras Estaduais de Economia Solidária. Além das oficinas, serão instalados Telecentros/Casa Brasil para oficinas práticas em software livre e acesso à Internet para expositores e visitantes das Feiras.
Portal Casa Brasil, 29 de setembro de 2007